domingo, 19 de junho de 2016

03 Quem como DEUS? (37)

TC 12,1 C (Salt.: sem IV)
12º DOMINGO DO TEMPO COMUM.
São Romualdo, Abade, mf.

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Todo este assunto, desde o início, encontra-se


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O que diz o senso comum sobre DEUS? E o que é senso comum, qual a sua autoridade no conhecimento humano?

Antes de conhecermos as coisas por conhecimento científico ou perfeito - pela reflexão e pelas causas -, as conhecemos de modo imperfeito: conhecimento empírico, vulgar.

Conhecemos a coisa - por exemplo, a electricidade causa-nos um choque sob certas condições para a causa actuar -, mas não sabemos explicar porque é assim. Mesmo não sabendo explicar, não significa que não é conhecimento certo. Em muitas coisas nem sequer ainda temos o conhecimento científico, mas já temos o conhecimento vulgar. E é este conhecimento o ponto de partida para a pesquisa e a descoberta das leis na Ciência. Foi assim com a força da gravidade, a explicação veio depois.

A certeza natural, espontânea, vulgar pode - como na certeza alcançada pela Filosofia e pelas Ciências - ser verdadeira e legítima certeza, só acidentalmente diferente da certeza científica e filosófica.

Acidental, porque ainda não sabe explicar, mas, tal como na certeza científica e filosófica, possui a evidência que dá a certeza. Está baseada em motivo sólido e verdadeiro, embora, deste motivo, não tenha um tal conhecimento que lhe permita explicá-lo e defendê-lo diante das objecções que se lhe possam opor. Alguém poderia aproveitar-se disso e desenvolver o seguinte diálogo:

- Acreditas em DEUS?
- Acredito que DEUS existe.
- Explica-me lá então porque DEUS existe. Dá-me a prova.

Muitas vezes fica-se por aqui, ele não consegue explicar ao malandro porque acredita na existência de DEUS. Mas também não vai deixar de acreditar, porque tem essa certeza espontânea.

Esta certeza espontânea não é uma credulidade cega, mas verdadeira e legítima certeza, que não precisa de justificação posterior.

A certeza científica poderá ser acidentalmente mais perfeita, mas nem por isso a espontânea deixará de ser verdadeira e legítima certeza.

Bom senso: que seria da sociedade humana se para a maioria dos homens, que não pode fazer pesquisas científicas e filosóficas, não pudesse ter a certeza em verdades necessárias à vida física e moral deste mundo, a existência de DEUS, a vida futura, etc...?

Do livro «Introdução Geral à Filosofia», Jacques Maritain, Editora Agir, temos o que se segue:

Senso comum (ou conhecimento empírico ou vulgar):
O conhecimento vulgar é, para muitos, constituído de simples opiniões e crenças mais ou menos bem fundadas. Compreende, porém (também), um núcleo sólido de certezas verdadeiras em que o filósofo discerne, em primeiro lugar, dados de existência sensível (por exemplo: os corpos são extensos em comprimento, largura e altura), em segundo lugar, princípios inteligíveis evidentes por si mesmos (como, por exemplo, o todo é maior do que a parte, tudo o que acontece tem uma causa), em terceiro lugar, consequências imediatamente tiradas desses mesmos princípios (conclusões próximas) Devem encontrar-se em todos os seres humanos, serem comuns a todos os homens.»

Como já se disse: «Essas certezas (do senso comum), conclusões de um raciocínio implícito, não são menos bem fundadas do que as certezas das ciências. Contudo, aquele que as possui não sabe, ou sabe mal o fundamento que essas mesmas certezas têm nele.»

São certezas imperfeitas, não quanto ao valor de verdade, mas quanto ao modo ou ao estado em que se acham no espírito. (Jacques Maritain)

A certeza da existência de DEUS não depende da perfeição científica das provas que se possam fornecer a este respeito. Ao contrário, a prova necessária a qualquer homem para adquirir uma plena certeza é tão fácil e tão clara que é perceptível, apesar dos processos lógicos que utiliza, e que os argumentos científicos desenvolvidos, muito longe de darem ao homem a primeira certeza da existência de DEUS, não podem ter como resultado senão esclarecer e fortificar a que já existe. (Régis Jolivet)

Essa certeza da existência de DEUS é tão certa que tem aborrecido o ateísmo militante, chegando ao ponto da agressão e ofensa contra quem diz que DEUS existe. 

O senso comum é, como o juízo natural e primitivo da razão humana, infalível, mas imperfeito em seu modo de ser. (Jacques Maritain) Mas é o ponto de partida...

Agora, atenção ao que diz Jacques Maritain: As certezas do senso comum são válidas e a ciência falha quando as contradiz. Mas a Filosofia tem por fundamento as evidências naturais da inteligência e não a autoridade do senso comum.

Assim como não usa a autoridade infalível e absoluta da REVELAÇÃO SOBRENATURAL, para provar alguma coisa, igualmente, a Filosofia não usa a autoridade do senso comum para tal.

Se não podemos provar a existência de DEUS pela autoridade do senso comum, contradizer essa autoridade, contudo, é irracional; não é ciência, mas talvez ideologia ou um erro. Mas podemos prová-la e assim explicar porque DEUS existe, como sempre afirmou o senso comum.

Os jovens contam o caso de um náufrago, que chega a uma ilha. Certamente, o náufrago vai querer saber se existe alguém inteligente como ele, pessoas como ele. E encontra uma pedra que até parece talhada, mas fica em dúvida. Terá sido talhada por alguém?

Terá sido talhada por alguém, isto é, por uma pessoa? Não pode ter a certeza. Pode não ter havido uma causa, mas tão somente uma casualidade, foi por acaso que ela ficou com essa forma que parece ser talhada. O acaso na verdade nem existe, cabe notar e anotar, o que existe é a nossa inteligência limitada para poder explicar tudo. E nesse sentido chamamos acaso.

Continuando a percorrer a ilha, acaba por encontrar uma máquina fotográfica de espelho reflector com a inscrição 23 DIN e respectivas instruções. Após uma rápida, intuitiva reflexão, já não pode duvidar que alguém como ele - pessoa com inteligência e vontade própria, com livre arbítrio - fez essa máquina. E conclui:

Se uma máquina tão complicada não pode ser produto do acaso, muito menos o podem ser os milhares de "aparelhos" muito mais complicados como as plantas, os animais e o homem.

Do nada, obviamente, nada vem. O senso comum não pode provar a verdade imperfeita nele, contudo certa, garantida, mas exige provas:

Cada experiência ensina que tudo o que acontece, tudo o que existe tem, pelo menos, uma causa.

A Sra. Desonestidade já andou a querer negar o princípio da causalidade, mas isso é querer negar a realidade das coisas. Negar a realidade, até está na moda actualmente, o que é incrível, pois nos encontramos no século XXI! (Sra. Ironia) Alguém poderia dizer, diante de uma pintura:

- Não sei (explicar) porque essa pintura tem um autor, alguém que a criou (criação acidental, pois usa o que já está criado para transformar), mas não tenho a menor dúvida (é evidente, é a evidência que lhe dá a certeza) que alguém (pessoa, isto é, com inteligência e vontade própria, possui o dom da liberdade) a pintou, não apareceu por acaso, existe uma causa eficiente, um pintor que sabia o que queria fazer e com alguma finalidade inteligente (causa final).

Do nada, nada pode vir, é impossível, não é possível um efeito sem causa, o efeito tem que estar contido na causa. O senso comum exige provas e busca o conhecimento com ciência, para poder explicar.

Cada experiência ensina que tudo que acontece, tudo o que existe tem, pelo menos, uma causa.

Embora não caiba à Ciência explicar porque DEUS existe, não é o seu objecto, contudo vai confirmando, nas descobertas que vai fazendo, que não é possível tudo isso sem um LOGOS que deu origem a tudo isso. Só pode concluir que DEUS existe e fornecer mais e novo material para a argumentação metafísica.

Dizem os materialistas que a matéria é eterna; o que é uma grande asneira. O que significa eternidade?

DEUS é eterno porque existe pela própria necessidade da Sua natureza. Em DEUS não pode haver nem a mais leve imperfeição e, o «começar a ser» já seria uma imperfeição. Atribuindo um «começar a ser» ao SER infinitamente perfeito (a DEUS), seria uma contradição. Todas as perfeições estão em DEUS de modo infinito; não pode existir na eternidade divina a transformação, a sucessão; não pode existir o mais leve movimento:

A eternidade não é um desenrolar de estados diversos e sucessivos, mas propriamente a posse total (plena) e perfeita de uma vida infinita. Não existe nela, portanto, nem passado, nem futuro (não existe tempo, não existe movimento): ela é um presente perpétuo. (Régis Jolivet)

Não é isso que os nossos sentidos apreendem da matéria, mas transformação, sucessão ao longo do tempo. A matéria não pode ser eterna, assim atestam os nossos sentidos pela observação do que vemos na matéria. O tempo e o espaço começaram a existir no momento em que DEUS criou o Universo. Os materialistas deviam saber em primeiro lugar o que significa eternidade, antes de dizer que a matéria é eterna, uma espécie de deus panteísta materialista: tudo é deus, o que é asneira, pois em DEUS não existe imperfeição, como vemos existirem nas coisas criadas. DEUS está em todas as coisas criadas de modo transcendente - DEUS é ESPÍRITO puro -, mas as coisas não são DEUS, mas distintas de DEUS (transcendência). O panteísmo, materialista ou não, é uma contradição, uma ofensa à inteligência.

A matéria não pode ser eterna, como se viu, e a própria Física também mostrou porque não pode ser eterna. Desde Eisnstein já se sabe - agora na Física moderna, para confirmar, como só podia, o que ensina a Metafísica, não aceite pelo materialismo - que tudo que tem a ver com tempo e espaço, isto é, com matéria (corpos), não pode ser eterno:

Este fenómeno (no espaço e tempo, no que os sentidos apreendem sobre a matéria...) só é compatível com o princípio de causa e efeito, se se admite que existe alguma causa independente do tempo e do espaço e, por isso, eterna e infinita (DEUS), que deu origem à matéria e a todos os seus fenómenos secundários.

Vendo que não podem negar isso da matéria - não é eterna -, que é que eles afirmam actualmente?

A matéria (já admitem...) foi causada por uma "matéria primeira" (Urmaterie), que é eterna e desencadeou uma evolução sistemática. (!)

Já admitem uma causa. Chamam de "matéria primeira", termo inapropriado, mas admitem como... e a CAUSA das coisas criadas visíveis.

Segundo a visão cristã

- que tem a sua fonte, obviamente, na REVELAÇÃO DE DEUS presente na SAGRADA ESCRITURA e na TRADIÇÃO (onde está presente também as misérias a que o homem pode cair quando se afasta de DEUS, sobretudo no Antigo Testamento se vê essas misérias) -,

foi o SER PRIMEIRO, o URSEIN (DEUS), que é eterno, que tudo criou e intervém nos acontecimentos universais e históricos.

Não levando em conta, relativo à CAUSA, o termo inapropriado dado pelos materialistas a DEUS, que é ESPÍRITO puro - mas já admitem essa "MATÉRIA", como CAUSA INCAUSADA de todas as coisas (para eles, só materiais), podemos constatar, escrevem os jovens, que o materialismo não pode deixar de admitir o que o que cristianismo ensina (e a Filosofia provou à luz natural da razão):

É interessante constatar que estas duas visões do mundo (materialista e cristã), completamente diferentes entre si, chegam à mesma conclusão: DEUS existe!

Assim concordam os materialistas:

Como realmente existe algo - os nossos sentidos atestam que existe algo, alguma coisa, este Universo - e tudo que existe (também admitem agora os materialistas) tem pelo menos uma causa, tem, por conseguinte, que haver algo que já existia desde sempre.

Os materialistas dizem ser uma matéria, coisa inanimada, sem vida, e é aqui que ainda "pecam", ainda precisam de reconhecer que isso é um absurdo, um grosseira asneira, pois o inanimado, não tendo, não pode dar origem ao que tem, por exemplo, vida; existem seres vivos nesta criação e não apenas rochas, minerais. Não é a causa, que já eles admitem existir, que tem que estar contido no efeito, mas o efeito é que tem que estar contido na causa. Uma causa só pode causar um efeito daquilo que está contido na causa.

Já falamos da Filosofia, que é a ciência que pode provar a existência de DEUS. Um cientista também pode, após alguma descoberta científica, concluir que DEUS existe, mas depois terá que usar os argumentos da Metafísica para dessa descoberta mostrar porque DEUS existe. Notemos que todo o conhecimento científico tem como ponto de partida uma hipótese (uma dúvida a se levantar) ou mesmo uma certeza empírica que falta explicar pela Ciência, que tudo isso se vai concluindo pelo exercício da razão.

A investigação científica ensinou-nos que a génese da vida depende da formação das macromoléculas DNA (a condição), que contêm a programação hereditária.

Diz Vollmert:

Atribuir o encadeamento destas unidades na molécula DNA ao acaso é uma hipótese absolutamente improvável.

Seria um número praticamente zero: 0,000...1, a unidade precedida de 999 zeros após a vírgula!

0,(999 zeros)1

Em problabilidades se diz que quase certamente não ocorrerá, probabilidade zero, a medida desse conjunto é zero, diria a Sra. Matemática.

Para comparações com os 999 zeros após a vírgula, a Ciência considera quase uma impossibilidade para o caso só de 49 zeros após a vírgula:

0,(49 zeros)1

é para a Ciência ZERO.

Continuemos as comparações do senso comum: o número de átomos estimados como existentes no Cosmos é de um número cuja unidade é seguida de 83 zeros.

1(83 zeros)

E agora respire fundo!

A probabilidade de se passar de um grau de evolução a outro superior por um crescimento casual é de um número com 39999 zeros após a vírgula, antes da unidade. (Vollmert), isto é:

0,(39999 zeros)1

Cabe notar o seguinte, estamos a admitir que é possível passar do menos para o mais, o que já é irracional, mas mesmo aceitando isso em que o materialismo acredita (depois de milhares de anos, um iogurte pode aparecer numa geleira sem precisar de ninguém colocá-lo lá, por exemplo), mesmo assim, haja "fé" para se acreditar no acaso como origem da CRIAÇÃO!

Como as teorias macromoleculares são insustentáveis, o neodarwinismo hoje dominante também é insustentável como hipótese científica. (Vollmert)

Notemos, até supor como hipótese é irracional. Na observação dos fenómenos da CRIAÇÃO, pode um cientista, estando ainda na fase de dúvida, estabelecer uma hipótese, mas há motivos racionais para a existência da hipótese, embora ainda não provada de ser verdadeira. Depois, o cientista pesquisa, estuda, faz experiências e poderá provar ou não a validade da hipótese. No caso do neodarwinismo, a sua hipótese é insustentável, contudo, continua a se admitir tal hipótese e até se apresenta como se fosse já provada cientificamente nas escolas, em programas sobre a natureza, etc. Isso é mentira e desonestidade, e fica feio para as escolas e universidades.

A evolução da vida e das espécies é um problema insolúvel no quadro das Ciências exactas. Não há nenhuma alternativa com fundamentação cientifica. (Vollmert)

Notemos que não se está a negar a hipótese de uma evolução de espécies no mundo, mas o ateísmo materialista com a sua fé no absurdo, que vai contra o bom senso do senso comum. Se não houver uma causa, como pode o menos, por casualidade, passar ao mais; uma pedra, por exemplo, passar a feijão? Etc? Como acreditam os materialistas. Contudo - agora, sim! -, DEUS poderia ter estabelecido uma lei de evolução na CRIAÇÃO. Agora já temos uma causa para fazer o menos passar ao mais. Nunca poderia o acaso fazer isso, só uma causa: DEUS.

O presente e o passado constatam, através dos fósseis, que entre as várias etapas da evolução faltam "peças" intermediárias que teriam que existir, se a evolução se tivesse dado através de mutações e selecções. São os chamados "missing links" entre as várias etapas da evolução.

Quer queiram ou não, o ateísmo acaba por ter de admitir, mesmo sem notar nisso, que DEUS existe:

Até mesmo a Universidade ateia de Moscovo fala de uma evolução sistemática. Esta afirmação pressupõe ALGUÉM que a dirija. E só um ser dotado de espírito é capaz de o fazer, DEUS.

A hipótese de que os olhos foram formados pela evolução parece-me, confesso-o abertamente, sumamente absurdo. (Darwin)

Tentar explicar a origem da vida na Terra como fruto do acaso significa esperar que, da explosão de uma tipografia, venha a sair um dicionário. (Edwin Couklin, biólogo americano)

Vejamos o que diz Darwin sobre DEUS e a sua teoria:

Nunca neguei a existência de DEUS. Eu creio que a Teoria da Evolução é compatível com a fé em DEUS. A impossibilidade (diz Darwin!) de provar e de compreender que a existência do Universo, tão grandioso e magnífico, e do homem seja produto do acaso, parece-me ser o argumento mais importante a favor da existência de DEUS.

Darwin diz ser impossível atribuir ao acaso (ao irracional) a existência do Universo e, em particular, do homem, e que esse é o argumento mais importante a favor da existência do CRIADOR, o LOGO, DEUS.

Mas por problemas que não são os da razão, mas de uma vontade subjugada pelo preconceito, ideologia ou até ódio (irracional) a DEUS, etc, há quem prefira crer no absurdo, contra o senso comum:

Crer que uma célula se produz por si mesma é absurdo e completamente insensato (reconhece, mas...). Não obstante, eu creio nisso. (E. Hahane, Universidade de Montpellier)

Professor universitário!... Reconhece que é asneira, mas mesmo assim prefere acreditar na asneira. Nada racional esta fé, nada próprio de quem é cientista. Se DEUS quiser, terminarei este assunto, o que o senso comum (o conhecimento vulgar) fala de DEUS, na próxima publicação. E, com isso, na próxima edição termino o comentário a este trabalho dos jovens com o título «Todos pensam que DEUS existe».

Continuação de um bom DOMINGO, de uma boa semana, e até amanhã, se DEUS quiser!

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