21 de Outubro de 2013.
Número de dias: 735527.
TC 29,2 C (Salt.: sem I)
Segunda-Feira da semana 29 do Tempo Comum.
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Todo este assunto, desde o início, encontra-se
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A PALAVRA DO SENHOR é recta, *
da fidelidade nascem as Suas obras.
ELE ama a justiça e a rectidão: *
a Terra está cheia da bondade do SENHOR.
A PALAVRA DO SENHOR criou os céus, *
o sopro da Sua boca os adornou.
Foi ELE QUEM juntou as águas do mar *
e distribuiu pela terra os oceanos.
A Terra inteira tema ao SENHOR, *
reverenciem-n’O todos os habitantes do mundo,
porque ELE disse e tudo foi feito, *
ELE mandou e tudo foi criado.
(Salmo XXXII,4-9)
ELE disse e tudo foi feito, ELE mandou e tudo foi criado.
Cabe notar que notamos muitas coisas más neste mundo porque se rejeitou JESUS CRISTO, rejeitou-se o REINO DE DEUS, rejeitou-se ser feliz. A origem do males é o pecado... Para os males criados pelo mau arbítrio humano só há uma solução: o REINO DE DEUS. Apesar de tantos males na Terra, causados pela escravidão do pecado gravíssimo do mundo, ainda não é o Inferno, pois há muitos bens na Terra, estamos a vê-los constantemente:
A Terra está cheia da bondade do SENHOR.
Não fosse isso...
O outro ponto que o salmista quer destacar, é que é justo, de justiça, que:
A Terra inteira tema ao SENHOR, reverenciem-n’O todos os habitantes do mundo.
Tema no sentido de reconhecer que DEUS é o SENHOR, não há outro deus, e que O ame, d'ELE tudo recebe do que é bom. Degradante e falta de inteligência é a obediência a ídolos, preferir-se reverenciar e temer, por exemplo, o dinheiro, a ciência, a democracia, etc.
Ao dinheiro endeusado, por exemplo, se aplica muito bem a expressão deus da matança: quanto males no mundo - guerras, armas, petróleo, fome, terrorismo, etc -, por causa desse deus ridículo, mas que muitos o veneram e é, ao ser endeusado, a causa de tantos crimes e corrupção no mundo.
JESUS chamou ao dinheiro de vil bem, para indicar que, quando não é endeusado, é até um bem, mas dos mais desprezíveis. E ensinou a bem usá-lo para poder alcançar os bens maiores (os verdadeiros bens): em favor da justiça. São Paulo lembrou que o ídolo dinheiro, que tanto mal causa ao mundo, é a origem de todo tipo de corrupção e mentira, e é verdade. Graças a DEUS, há quem, tendo dinheiro, o usa para o bem.
A Terra inteira tema ao SENHOR, reverenciem-n’O todos os habitantes do mundo, porque ELE disse e tudo foi feito, ELE mandou e tudo foi criado.
Só DEUS é DEUS. O dinheiro (endeusado) é um dos maiores responsáveis por tudo aquilo que muitos dizem e perguntam-se, ao ver tantos males na Terra: DEUS existe? O dinheiro também... E também existe a justiça, não a humana, mas a divina. Nesta não há a impunidade, ao contrário daquela, porque, e só na LEI DE DEUS, é verdade que ninguém está acima d'ELA, pequenos ou grandes, todos são iguais aos olhos da JUSTIÇA DE DEUS. Só a CRUZ DE CRISTO - a genuína, não as imitações horrorosas e grosseiras que se fazem dela, tudo falsificações sem nenhum compromisso com a beleza, antes com o feio! - nos pode livrar da JUSTIÇA pelo PERDÃO DE DEUS (MISERICÓRDIA).
Há um outro deus hoje muito venerado como deus: a liberdade de expressão de pensamento, que tanto escraviza os que a veneram como deus, dando origem à falsa liberdade, às injustiças e às mentiras.
Poderia citar muitos outros deuses: são insensatos os que trocaram DEUS, o SENHOR, por essas coisas, sujeitando-se a elas, bens, é verdade, mas que se tornam males quando endeusados.
Vimos como se demonstrou a existência de DEUS pela primeira via, a do movimento. Tal demonstração é rigorosamente legítima e científica, não precisa de nenhum referendo popular, alguma pesquisa de opinião; não precisa que os políticos aprovem no Congresso Nacional, que o Tribunal Constitucional descubra se há alguma inconstitucionalidade na demonstração, etc (Fico por aqui). A validade e verdade da demonstração depende apenas de uma coisa: da luz natural da razão humana. É ela que é a autoridade que afirma que se demonstrou a existência de DEUS. Só a sra. Teimosia diz que não, mas não tem autoridade nenhuma para dizer «sim» ou «não». Também não vou discutir com ela..., inútil.
Mas mais uma vez vou fazer de conta que ainda há dúvidas, a luz natural da razão não conseguiu ainda demonstrar a existência de DEUS. Vamos também supor que não existe a IGREJA, sinal claríssimo de DEUS, que se DEUS não existisse, ELA já só existiria na história, no que já passou. Supondo a dúvida, devemos viver como se DEUS não existisse? Posso praticar a injustiça, tomar o lugar de DEUS - decidindo, como um napoleão, pela vida dos outros -, matar, roubar, etc? Em suma, viver como se DEUS não existisse? Ou pelo contrário, devo levar em conta a possibilidade de DEUS existir?
É preciso dar a resposta? Se fôr o bom senso a dá-la, qual será a sua resposta?
Vamos agora ver as objecções à primeira via da demonstração da existência de DEUS. Sabemos que pela via do movimento se demonstrou a existência de DEUS: tudo que se move, é movido por outro, sua causa. A razão de algo, que não existia, passa a existir está fora de si, ou seria contradição. Assim uma parede, que era branca, tornou-se amarela por causa de algo exterior à parede. A primeira objeção olhou para os seres que tem vida própria, vegetais e animais:
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I Objeção
Mas o viventes não se movem a si mesmos? Logo, nem tudo o que se move é movido por outro.
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Resposta (levantamento da objeção): Pelo facto de alguém ser movente não se segue que seja ele o primeiro movente, donde não fica excluído que seja movido por outro do qual receba precisamente o mover (não fica excluído que outro o move a mover-se...). Semelhantemente, quando alguém move a si mesmo, não fica excluído que seja movido por outro do qual recebe o mover-se a si mesmo. (não fica excluído que outro o move a mover-se...) (Santo Tomás. De Malo, q. 3, a. 2, ad 4um)
Os viventes - que não são a sua própria acção -, agindo e movendo-se, passam do não mover-se para o mover-se. (Como efeito necessário do movimento:) Adquirem uma realidade - a entidade do seu acto - que antes não tinham e para a qual estavam em potência passiva. É esta passagem, esta aquisição, que lhe é impossível sem um auxílio de fora (deveriam dar-se o que não tinham), como lhes foi impossível dar a vida a si mesmos: é «ab alio» (através de outro) que a receberam.
A IGREJA ensina, e é verdade, ninguém é dono da sua vida. A vida é um dom de DEUS.
Contigente: o que existindo, podia não existir. Do nada, nada vem. Mesmo o ser vivente não tem em si a razão suficiente completa da sua mudança. Assim é em todas as criaturas, viventes ou não, sempre precisam da moção de um ser exterior e do PRIMEIRO MOVENTE IMÓVEL, sempre em acto, porque é a Sua actividade.
No livro, a resposta à objeção está mais desenvolvida.
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II Objeção
Não poderiam os seres do universo formar um imenso movimento circular, no qual, por meio das suas interações, produziriam todas as mudanças? Assim, o átomo A, tendo a qualidade x, comunica-a ao átomo B, do qual recebe a qualidade y que B tem, etc. Deste modo, se aperfeiçoariam mutuamente sem que ninguém tivesse que dar a outro o que não tem. E, então, não haveria necessidade de um primeiro movente distinto do universo.
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Resposta: 1) O movimento circular só é possível quando fora da série existe um motor que seja fonte suficiente e imediata deste movimento: assim, a água da evaporação sobe do mar, se condensa, torna a cair em chuva, volta para o mar, donde torna-se a evaporar, etc...; mas isso não seria possível sem o calor do Sol, fora do círculo, que faz evaporar a água.
Sem este motor extrínseco, cada movido no círculo deveria ser simultaneamente causa e efeito do seu movimento, ser em acto e em potência em relação a ele, o que repugna:
A causa B, B causa C, C causa D, ..., Z causa A, etc.
Porque Z causa A, e A causa Z, temos o absurdo de A ser causa e efeito de Z e do seu próprio movimento.
Eis o absurdo: Dependendo A de Z para causar B - que confusão de causas e efeitos! -, A deveria receber primeiro de Z, para poder causar B. Mas sem B causado, não se chega a Z, de que A precisa para mover B. Como se vê, a Sra. Contradição já não quer ouvir mais nada, pôs até as mãos nos ouvidos.
Aquilo de que depende uma coisa sob um ponto de vista, não pode, sob este mesmo ponto de vista, ser dependente desta coisa. (O que causa o efeito não pode ao mesmo tempo depender do efeito que quer causar) Se o calor da Terra depende do calor do Sol, este calor do Sol não pode depender do calor da Terra. (Se o que recebe depende do que recebeu, o que recebeu não pode depender do que vai receber, dizem a Sra. Identidade e a Sra. Contradição).
2) É um facto que as mudanças do universo são produzidas pelas actividades dos seres agindo uns sobre os outros, mas é precisamente para exercerem estas actividades que todos e cada um precisam do influxo de um movente imóvel distinto do universo. Como nenhum dos seres do universo é a sua própria actividade, mas todos têm que mudar ao passar a agir, estão todos na mesma condição de não poder exercer a sua actividade sem receber uma actuação por parte de um ser que seja a sua própria actividade sempre em acto e que não mude ao agir; donde tudo necessariamente depende do influxo do MOVENTE IMÓVEL, DEUS.
3) E não altera nada levar o assunto à eternidade: um raio solar eterno não dispensa o Sol como causa, não dispensa um sol emitindo este raio desde toda a eternidade, isto, na suposição que o universo foi criado sem início.
O ter começo é certamente um sinal de dependência (o efeito depende da causa para passar a existir...), mas não é único; o mudar, o ser movido, é também outro sinal certo. Se é movido desde a eternidade, não dispensa, antes exige (a razão exige...) um movente imóvel eterno.
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III Objeção
Um movente imóvel é uma contradição, pois qualquer acção supõe um movimento, uma mudança.
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Resposta: Qualquer acção supõe um movimento, distingo (onde?): no ser movido que muda, concedo (é verdade!); no movente, subdistingo (depende): se está sempre em acto (o caso que só se aplica a DEUS) porque é a sua acção, nego (é falsa a objeção); se, por não ser a sua acção, deve passar do não agir para o agir, concedo (neste caso, é verdade).
Como a objeção, para ser verdadeira, depende de distinguir, de subdistinguir..., tal objecção não se aplica, é falsa.
Não se deve confundir «actividade» com «mudança». Actuar (agir) não precisa de mudar; mudar é que precisa de mudar para ser mudança. É verdade que a acção das criaturas, causando mudança noutras criaturas, causa mudanças nelas mesmas, mas também se viu que é verdade que tem que existir um SER, que chamamos de DEUS, que actua, causando as mudanças no universo, mas imutável. Negar isso, é o absurdo, mas a Sra. Realidade não quer nada com o Sr. Absurdo...
Mover é comunicar uma actualização. Quem move - já que ninguém dá do que não tem - já deve ter essa actualização (que vai comunicar ao movido). Mas tê-la, não necessariamente significa ter que receber doutro, pode possui-la em virtude da própria essência. Temos um bom exemplo no mistério da ENCARNAÇÃO: o VERBO DE DEUS, IMUTÁVEL, elevou o homem a uma dignidade superior à original ao assumir a nossa humanidade. Por este mistério, a nossa relação com DEUS elevou-SE, sem ter aumentado ou diminuído a Sua GLÓRIA. Nós é que nos elevámos.
A causalidade, o acto de causar, longe de implicar por sua natureza uma modificação na causa, a exclui, pois não é enquanto causa, mas enquanto efeito, que o agente é modificado.
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IV Objeção
Ninguém dá o que não tem. Ora, o movente imóvel não tem movimento. Logo, não pode dar movimento.
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Resposta: Concedo a Maior (é verdade e já vimos que ninguém pode dar o que não tem). Distingo a Menor: o movente imóvel não tem movimento, isto é, não tem a perfeição que ele comunica e que, sendo recebida em algum ser, fará com que ele tenha mudado, tenha sido movido, nego (a afirmação é falsa); isto é, não tem a potencialidade do movimento, não tem que ser movido para ter essa perfeição, porque já a possui por sua própria essência, actualidade e actividade infinita que contém a actualidade de todos os modos de agir, concedo (neste sentido, a afirmação é verdadeira). A objeção supõe falsamente que dar um movimento seja ter uma mudança e comunicá-la a outro. (Se eu vir uma estátua assustadora, de surpresa, a estátua nem sabe disso, nem se move, mas movo eu pelo susto, ufa!). Mover, por si, não implica necessariamente uma mudança no movente, como vimos na objeção precedente.
É verdade que ninguém dá o que não tem, só quem tem. E quem tem tudo (DEUS), tudo pode dar sem precisar de receber. Receber o quê? Já está tudo n'ELE! DEUS é o SUMO BEM, isto é, não há nada de bem que possa acrescentar (ou diminuir) alguma coisa em DEUS.
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V Objeção
Mas isso tudo não passa de conceitos abstractos, de um complexo de fórmulas e relações lógicas. Ninguém vai a DEUS pela via de um silogismo, da «razão pura», do «idealismo grego». É com a «razão prática», com o «realismo cristão», com «toda a alma», com a «vida vivida» que se sobe a DEUS e não pelo «omne quod movetur, ab alio movetur» (tudo que se move é movido por outro - espero ter traduzido bem).
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Antes da resposta, como JESUS nos disse que devemos amar DEUS?
Aproximou-se d'ELE um escriba que os tinha ouvido discutir e, vendo que JESUS lhes tinha respondido bem, perguntou-LHE: «Qual é o primeiro de todos os mandamentos?» JESUS respondeu: «O primeiro é: Escuta, Israel: o SENHOR nosso DEUS é o único SENHOR; amarás o SENHOR, teu DEUS, com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com todas as tuas forças. (Marcos XII, 28-30)
Com todo o teu entendimento.
Isso faz parte da vida vivida, o entendimento.
Resposta: Podemos retorquir o argumento: ninguém vai a DEUS sem esta primeira via.
Antes de mais nada, lembremos:
- os conceitos representam a realidade;
- o raciocínio é um processo legítimo para chegar à verdade;
- uma demonstração é criticamente demonstrada quando não se pode negar sem ter que negar também os primeiros princípios, leis supremas que regem os seres e a inteligência.
Ora, o nosso argumento não se baseia em puras abstrações lógicas, mas em um facto real - as mudanças - que a nossa experiência encontra a cada passo e que a nossa razão analisa até chegar à sua causa real última e completa: um primeiro movente imóvel.
Negar a existência deste movente imóvel, seria admitir um facto real existente (o movimento) sem causa adequada nem razão suficiente: isso seria negar os princípios de causalidade e de contradição.
Estará a primeira via fora da nossa vida «vivida»? Interroga-se o Padre Pedro Cerruti, SJ. Impossível - e chama-se a isso humildade e aversão a ídolos, necessário para se subir até DEUS - reconhecer a existência de DEUS, sem reconhecer esta nossa dependência d'ELE, expressa precisamente no «omne quod movetur ab ALIO movetur» (Tudo que é movido é movido por OUTRO).
Como pregou São Paulo em Atenas, sobre o DEUS desconhecido:
In QUO vivimus et movemur et sumus. (N'ELE temos a vida, o movimento e o ser) (Actos XVII,28)
Até amanhã, se DEUS quiser!