(Primeira leitura de TC 13,5 Ano par)
TC 15,4 Ano B
B. Bartolomeu dos Mártires, Bispo, MO.
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Amasias, sacerdote de Betel, mandou dizer a Jeroboão, rei de Israel: Amós conspira contra ti no meio dos israelitas. A terra não pode mais suportar os seus discursos. Ele diz que Jeroboão perecerá pela espada e que Israel será deportado para longe de seu país!
Amasias disse a Amós: Vai-te daqui, vidente, vai para a terra de Judá e ganha lá o teu pão, profetizando. Mas não continues a profetizar em Betel, porque aqui é o santuário do rei, uma residência real.
Amós respondeu a Amasias: Eu não sou profeta nem filho de profeta. Sou pastor e cultivador de sicómoros. O SENHOR pegou em mim, quando eu andava atrás do meu rebanho, e disse-me: vai e profetiza contra o Meu povo de Israel.
Ouve, pois, agora, a PALAVRA DO SENHOR: tu me dizes: não profetizarás contra Israel, não falarás contra a casa de Isaac. Pois bem! Eis o que diz o SENHOR: tua mulher será violada em plena cidade, teus filhos e tuas filhas cairão sob a espada, teu campo será repartido a cordel; quanto a ti, morrerás numa terra impura, e Israel será deportado para longe de seu país.
(Amós VII,10-17)
Quando um povo ou uma pessoa se afasta do bem e cai nas trevas, não há nada de agradável para se ouvir, só advertências desagradáveis. Assim foi com os verdadeiros profetas do Antigo Testamento - os que falavam em NOME DE DEUS, segundo a PALAVRA DE DEUS (falavam o que DEUS lhes mandava dizer). Os falsos profetas, pelo outro lado, para agradar ao poder, mentiam dizendo ser PALAVRA DE DEUS, profetizando tempos de paz e prosperidade, de mãos dadas com o pecado do povo, como se isso fosse possível. Quando falo de paz, falo da que só DEUS pode dar, a verdadeira e real paz. São Francisco de Assis, ensinado pelo ESPÍRITO SANTO, revelou as características desse dom de DEUS na seguinte oração:
Ó SENHOR, fazei de mim um instrumento da Vossa PAZ:
É preciso, como São Francisco de Assis, pedir, pois é dom de DEUS.
Onde houver ódio, que eu leve o amor; (Onde houver a guerra, que eu leve a PAZ)
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão; (a PAZ)
Onde houver discórdia, que eu leve a união; (a PAZ)
Onde houver dúvida, que eu leve a fé; (a PAZ)
Onde houver a mentira, que eu leve a verdade; (a PAZ)
Onde houver desespero, que eu leve a esperança; (a PAZ)
Onde houver trevas, que eu leve a luz. (a PAZ)
Não existe paz onde existe a guerra, isto é, o ódio, a ofensa, a discórdia, a dúvida, a mentira, o desespero e as trevas. E é dom de DEUS. Só pode dar perdão, união, fé, verdade, esperança, luz quem está reconciliado com DEUS, vive a paz de JESUS, só esse, razão porque a RAINNHA DA PAZ incansavelmente, como o Elias após CRISTO, nos pede a nossa conversão diária.
SENHOR, fazei que eu procure mais consolar que ser consolado, compreender, que ser compreendido, amar que ser amado,
isto é, concedei-me viver a Vossa PAZ. Não depende de acordos diplomáticos, de ameaças militares ou das outras coisas dos homens, quando falam de paz, não sabem o que é isso. É dom de DEUS, é preciso pedir a DEUS em oração.
É dando que se recebe; é perdoando que se é perdoado. É morrendo (para o egoismo, a mentira e o pecado) que se vive (disse JESUS: quem perder a sua vida por MIM, há-de recuperá-la).
Os falsos profetas profetizavam o bem numa sociedade que caiu em vícios, misérias e mentiras. Era tudo mentira, o que diziam.
JESUS, sobre os falsos profetas, que só dizem coisas agradáveis, quando a única coisa que se pode dizer, nas situações de trevas (erro e mentira), é a conversão a DEUS, advertiu aos Seus discípulos:
Ai de vós, quando todos disserem bem de vós! Era precisamente assim que os pais deles tratavam os falsos profetas. (Lc VI,26)
A mentira sempre quer calar o verdadeiro profeta, como se vê nesta passagem da ESCRITURA:
Tu me dizes: não profetizarás contra Israel, não falarás contra a casa de Isaac.
Olhemos o mundo hoje: profetizar um mundo melhor, no meio do crime legalizado, do cinismo da "igualdade ideológica", que faz de conta que não promove grave discriminação e violação dos direitos humanos - e note que a igualdade é um valor cristão, mas não tem nada a ver com a interpretação ideológica. Mas é inútil calar o verdadeiro profeta:
Importa mais obedecer a DEUS do que aos homens. (Actos V,29b)
Eis o que diz o SENHOR: tua mulher será violada em plena cidade, teus filhos e tuas filhas cairão sob a espada, teu campo será repartido a cordel; quanto a ti, morrerás numa terra impura, e Israel será deportado para longe de seu país.
Castigo de DEUS? DEUS é mau ou injusto? Etc?
Sobre como DEUS actua, não é da minha conta fazer julgamentos, era o mais me faltava, colocar-me, criatura finita que sou, ao nível de DEUS. Uma coisa eu não tenho a menor dúvida: quando DEUS resolve castigar, agora, um castigo de DEUS genuíno, é sempre para o bem, como o melhor de todos os pais, que corrige os seus filhos. Pelo que JESUS revelou sobre DEUS, na parábola do filho pródigo, pode-se ver que DEUS não quer o mal dos Seus filhos, mas só o bem e libertá-los de todos os males, apenas respeita a nossa liberdade. Respeitando a nossa liberdade, como está nessa parábola, o que DEUS espera é o retorno do filho no erro aos Seus braços. Nessa parábola se vê que o "castigo de DEUS" nada mais é que os males que advêm da vida no pecado do chamado filho pródigo, escravo do Mal, por estar longe da protecção do PAI (de DEUS), trazendo todos esses males, castigos que não são de DEUS, mas o fruto dos seus pecados. Mas também pode ser que DEUS, se ELE assim o decidir, envie mesmo castigos, sempre benditos castigos, pois é sempre para o bem! Seja lá qual fôr o caso, é sempre para o bem.
Eis o que diz o SENHOR: tua mulher será violada em plena cidade, teus filhos e tuas filhas cairão sob a espada, teu campo será repartido a cordel; quanto a ti, morrerás numa terra impura, e Israel será deportado para longe de seu país.
Castigo de DEUS? Poderia ser, o que seria para o bem dos próprios castigados, a sua salvação, mas eu vou mostrar que também poderiam ser apenas o anúncio dos efeitos do pecado dessas pessoas.
DEUS não precisa de meter-SE em adivinhações, nem de fazer as previsões legítimas do economista, que podem acontecer ou não. DEUS sabe de tudo do passado, do presente e do futuro. DEUS é DEUS. DEUS, que tanto gostaria de livrar a mulher de Amasias da violação futura, sabe que ela continuará uma vida que porá em risco isso acontecer, até acontecer mesmo (muitas vezes, o violador tem menor culpa nisso... A maior culpa está na moda, melhor, na pessoa que se expõe, a mulher de Anasias...). Também gostaria de livrar os filhos de Amasias da violência a que estão expostos, por serem violentos e injustos nas suas relações com o próximo, ou, são suposições minhas, por causa do efeito social do mal, serão vítimas do mal. Note, como vítimas, a injustiça é um bem, pois a favor deles (não é um mal, como ensina o mundo; mal real e verdadeiro é, isso, sim, praticar a injustiça). E sabe DEUS, em tudo isso, que o principal culpado é Amasias, na sua vida de sacerdote infiel a DEUS, infiel no seu dever de esposo e da educação dos filhos. E diz a Amasias que isso vai acontecer com ele, não, como um desejo ou um castigo de DEUS - estou a mostrar como nos podemos enganar, nas passagens mais obscuras da SAGRADA ESCRITURA, sobre os "castigos de DEUS"... -, mas como o fruto da sua vida má, da má vida de sua mulher (ou vítima da má vida dos outros), da má vida dos seus filhos (ou vítimas dos outros).
Com a cidade de Nínive, através do profeta Jonas, DEUS não mandou Jonas dizer o que vai acontecer, como fruto das suas más obras, à cidade de Nínive. Mandou a mensagem da conversão. Colocou no condicional: se Nínive não se converter da sua má vida e obras (virá um castigo de DEUS genuíno, o que é muito bom, ou o fruto das suas más obras). Mas DEUS, que sabe de tudo, sabia que a cidade escutaria Jonas e, a começar pelo rei (aquele que recebeu o poder temporal como dom de DEUS para servir ao povo, é isso que DEUS espera de quem recebe essa dom Seu), toda a cidade mudaria do seu rumo suicida, colocou tudo no condicional: se Nínive não mudar... E Ninive, como sabia DEUS, no uso da liberdade, optou, livre e conscientemente, pela conversão, livrando-se dos males que viriam.
Já com Judas, outro exemplo, DEUS sabia que, apesar de todos os esforços de JESUS para converter o Seu apóstolo Judas, seria inútil, e mandou dizer pelo Seu profeta, muito antes de Judas, mas sem mencionar Judas, que ELE seria traído por alguém pelo preço de 30 moedas.
Voltando ao caso de Amasias, o mais importante para DEUS não é o que acontece-nos nesta vida (tem a sua importância no que se refere ao amor do próximo, a que DEUS nos obriga, em particular, para com os pecadores, doentes, desempregados, etc), mas salvar o homem da condenação eterna. Novamente coloco como suposição minha para ver como podemos estar tão enganados, quando ousamos julgar DEUS:
Enquanto Amasias morria, apenas uma suposição minha, recordou-se do que Amós lhe havia dito e arrependeu-se, alcançando o perdão de DEUS na hora da sua morte - hora em que morria -, coisa que não teria acontecido se DEUS não lhe tivesse dito, por Amós, que isso lhe iria acontecer.
Não há nada, do que DEUS diz ou permite acontecer (como fruto da nossa vida má ou até bendito castigo de DEUS), que não seja para o bem.
Até amanhã, se DEUS quiser!