quarta-feira, 25 de julho de 2012

09 Quem como DEUS? (7)

TC 16,4 ANO B.
S. TIAGO (Maior), Apóstolo, FESTA.

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Hoje é um dia muito especial, pois a IGREJA festeja um dos doze apóstolos. Festa no CÉU, na Terra e no Purgatório, em toda a CRIAÇÃO.

Se o século I foi central na história (e na história da salvação), quando DEUS assumiu em JESUS CRISTO, na pessoa do FILHO, a nossa humanidade e a resgatou e elevou-a à participação da vida divina pelo mistério pascal, o século XIII foi, em plena Idade Média, o século mais luminoso da humanidade depois e antes de CRISTO; foi o século mais brilhante em todas as dimensões, uma consequência natural do teocentrismo (e cristocentrismo); com o renascimento, passa-se para o ídolo antropocentrismo e reforça-se o culto a Baal, e se vê os efeitos destes ídolos de modo mais visível hoje mesmo: o homem tornou-se uma mercadoria descartável (mesmo no namoro e noutras relações sociais!) e a mentira sobre igualdade (valor cristão deturpado perversamente pela ideologia: não é a religião, como se diz, que mentira, mas a ideologia que tanto mal tem feito ao mundo, não precisa de se pegar num binóculo ou averiguar num microscópio para se ver isso..., na história. O que se tem posto em práctica no mundo não é a vontade de DEUS (Religião), mas as idéias dos homens (ideologia)...) e a violação dos direitos humanos está na moda. A história, sem as deformações e mentiras, dá testemunho com documentos e obras da verdade do século XIII. Estando a Idade Média, e em particular o século XIII, associado a DEUS (a JESUS) e à IGREJA (CATÓLICA), nenhum espanto que tenha sido censurado, até hoje, e caluniado pela deturpação histórica. Nenhum espanto, sobre a censura e calúnia, porque, como havia dito JESUS, e o que ELE diz se cumpre, ELE é a VERDADE, até à Sua vinda final, o «príncipe deste mundo», como chamou JESUS a Satanás, continuará a dominar este mundo e levando à censura tudo o que é de DEUS.

Foi no século XIII - se calhar, muitos não sabem disto - que o método experimental (das ciências experimentais) surgiu e começou a se desenvolver. Foi neste período que o conhecimento humano racional mais elevado, a Filosofia, atingiu o apogeu do seu desenvolvimento (com São Tomás de Aquino). Na Idade Média está a base, em todas as dimensões, daquilo que chamamos de civilização e valores ocidentais. Costuma-se olhar para as coisas más dessa época. Olhando só para as genuínamente más - há as más só na aparência, tendo que levar em conta o tempo e ambiente histórico -, e comparando com as que existem, por exemplo, hoje, de coisas (genuinamente) más, não vai dar para comparar...

Foi neste período (século XIII) - Padre Leonel Franca SJ, Noções de História da Filosofia -, que se introduziu as obras completas de Aristóteles no ocidente, foi neste período que se criaram as universidades e surgiu as ordens medicantes de São Francisco de Assis e de São Domingos, donde sairam grandes filósofos.

Temos, antes de São Tomás de Aquino, filósofos como São Boaventura, franciscano, e Alberto Magno, mestre de São Tomás de Aquino. Como o meu objectivo é falar sobre como se demonstrou a existência de DEUS, fixo-me só em São Tomás, o maior filósofo, não, da ESCOLÁSTICA, como diz o Padre Leonel Franca SJ, mas, tenho esta convicção pessoal, junto com Aristóteles, os dois maiores filósofos de todos os tempos. É só observar os seus frutos na área e comparar com outros filósofos. Foi São Tomás que demonstrou a existência de DEUS, só isto, já bastaria para destacar tal filósofo, mas a sua contribuição para na Filosofia foi mais ampla, envolveu todas as questões da Filosofia:

- É o primeiro filósofo todo aristotélico. Neste tempo ainda existe a influência de Platão, as obras de Aristóteles estão deturpadas por más traduções e muitos intermediários árabes e não árabes. São Tomás de Aquino, compreendendo profundamente o ensinamento de Aristóteles, sem as deturpações, vai corrigir e aperfeiçoar tal conhecimento (vai ampliá-lo sem os erros e soluções incompletas em Aristóteles). O seu método é analítico-sintético, onde está presente experiência e os princípios da razão. «Ninguém, como ele, possui a arte de dizer tantas coisas em tão poucas palavras» (Padre Leonel Franca SJ) Assim era JESUS CRISTO em relação à vida eterna, assim DEUS concedeu esse dom a São Tomás, em relação à Teologia e Filosofia.

- A relação FÉ e razão recebe com ele uma solução definitiva. DEUS manifesta-nos a verdade de dois modos: directamente pela REVELAÇÃO e indirectamente pelo dom que nos concedeu de poder descobri-la pelo uso natural da razão. Eis o que diz o Padre Leonel Franca SJ sobre a solução, por parte de São Tomás de Aquino, do conflito que nunca existiu entre FÉ (DEUS fala) e razão (que até justifica ou, não podendo, pelo menos mostra que não vai contra ela): «A Filosofia, (1) provando a existência de DEUS, (2) provando a possibilidade da REVELAÇÃO (será DEUS incapaz de SE revelar, de dizer algo aos homens, se ELE quiser dizer algo? Aqui nem precisava de prova...) e (3) provando o facto da REVELAÇÃO - estas três coisas (a do meio não precisava de provar) -, prepara a inteligência para a Teologia, tornando o acto de FÉ (não é a fé humana, o que os homens falam, mas a sobrenatural...) eminentemente racional - ninguém o fez assim, tão genialmente, como São Tomás de Aquino! Mais. Nos próprios mistérios, que são domínio exclusivo da Teologia (os mistérios sobrenaturais...), porque não os pode demonstrar a razão, o concurso da Filosofia é ainda valioso (e assim foi nas mãos de São Tomás de Aquino). Compete-lhe esclarecê-los com analogias tiradas da ordem natural, refutar objecções dos adversários e mostrar que o supra-racional não é anti-racional! E que a FÉ longe de contrariar a razão, lhe alarga a esfera do conhecimento (Como é verdade!)

Tudo isso foi resolvido neste século singular da humanidade (não houve outro, que se possa comparar a este, pois foi neste que se resolveu questões centrais da humanidade, de modo racional, e sobre as possibilidades e fronteiras do conhecimento humano. Houve outros grandes filósofos, como São Boaventura, ainda sob a influência platónico-agostiniana, e o mestre de São Tomás de Aquino, Alberto Magno, o grande divulgador de Aristóteles, como já tinha mencionado, mas foi São Tomás de Aquino que corrigiu e ampliou, genial e admiravelmente, o saber de Aristóteles, marcando esta e todas as épocas, em relação à Teologia e Filosofia.

- Na Lógica, São Tomás nada reforma. Embora pouca haja para acrescentar mesmo, à Lógica, tão completa em Aristóteles.

- Amplia o ensinamento de Aristóteles na metafísica. Foi aqui que foi dada solução à questão, tão debatida nesta época, dos universais: é possível ao homem o conhecimento científico.

- Na antropologia, um dos pólos tomistas, a união substancial da alma humana com o corpo. O homem é esse composto substancial (não é acidental, mas substancial, de modo que o homem é corpo e alma). O livre arbítrio é resolvido aqui.

É preciso citar mais coisas, para se reconhecer a época, em relação ao saber, e o filósofo em questão?

- O conhecimento pode ser sensitivo (os animais brutos também o possuem...) ou intelectual. Temos o sujeito cognoscente e o objecto conhecido, distintos (objectividade). Todas as idéias têm a sua origem nos sentidos. Tanto pelo conhecimento sensitivo quanto pelo intelectual põe-se a alma em contacto imediato com a realidade (não, com aparências, mas com a realidade).

- Mas é na Teodicéia que resplandece o génio sintético deste filósofo, teólogo e santo. A existência de DEUS, se é verdade que se pode exprimir por um juízo analítico em si, não é por nós imediatemente intuitiva, nem é possível uma demonstração «ad priori». É pela argumentação «ad posteriori» que São Tomás - e pela primeira vez, nas história da humanidade! - vai demonstrar a existência de DEUS, do DEUS único, acrescente-se (está implícito nas cinco vias da demonstração). Demonstra a existência de DEUS, que também só pode ser UM. E faz a demonstração por cinco vias, todas elas equivalentes: o movimento, a concatenação das causas (tem que haver uma primeira e incausada), a contingência dos seres, os graus de perfeição nas criaturas e a ordem universal. Mais tarde, no final do resumo histórico, falarei delas, se DEUS quiser. Pelo que, por analogia, na observação das criaturas, podemos compreender sobre o CRIADOR, DEUS é (1) infinito, (2) eterno, (3) imutável, (3) livre, (4) omnisciente e (5) omnipotente. Nas Suas relações com o mundo, DEUS é (6) CRIADOR e (7) PROVIDÊNCIA. Nunca se tinha ido tão longe na compreensão por semelhança de DEUS como se chegou com São Tomás de Aquino!

- Na moral, o fim do homem é a felicidade, que só se encontra no BEM infinito, que é DEUS. O génio de São Tomás distingue a LEI ETERNA, ordenação da SABEDORIA DIVINA que governa todas as criaturas (como ensina a SAGRADA ESCRITURA); a LEI NATURAL, participação da LEI ETERNA na criatura racional; a lei positiva, que pode ser divina (os Dez Mandamentos) ou humana, esta, eclesiástica ou civil. A razão duma lei positiva divina, como a que foi dada a Moisés e que JESUS levou-a à perfeição, se deve ao facto do pecado original ter trazido, acidental e temporariamente, a desordem à CRIAÇÃO e, assim, em particular, à razão humana, que, por causa das paixões (sobretudo as das ideologias), pode não ver a LEI NATURAL com tanta clareza. A positiva eclesiástica, com a assistência do ESPÍRITO SANTO, está em função do EVANGELHO (da lei do AMOR); a civil tem a ver com as relações sociais, mas jamais pode violar a LEI DE DEUS ou as más consequências se farão sentir, isso é infalível.

- Na política... A RAINHA DA PAZ, na mensagem que deu em 25 de Dezembro de 1999 - entrada do Ano Santo e Jubileu 2000 da Encarnação do VERBO DE DEUS - falou das condições para o mundo alcançar a paz e a prosperidade, foram essas duas palavras usadas por ELA. A condição era acolher o único salvador do mundo, JESUS CRISTO. Na altura, não entendi muito bem porque a RAINHA DA PAZ escolheu estas duas palavras: paz e prosperidade. Só agora, quando faço uma leitura ao livro do Padre Leonel Franca SJ, para fazer este resumo, sou surpreendido e compreendo. Na política, São Tomás de Aquino ensina que o fim da sociedade, para a qual o homem é de sua natureza destinado, é a felicidade geral, obtida por meio da (isso mesmo!) paz e da (isso mesmo!) prosperidade. A autoridade que para esse fim não concorrer é anti-social, injusta e tirânica. E diz São Tomás de Aquino que a bondade de um governo não depende da sua forma, mas - ISTO, SIM! -, da fidelidade com que se consagra ao bem comum. Que bom, se os políticos pensassem assim, como o mundo seria melhor!

Foi nesta época que se lançaram os primeiros alicerces da moderna ciência experimental.

Até amanhã, se DEUS quiser! 

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