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Hoje, à tarde, Vésperas I de São JOSÉ na Liturgia das Horas
S. Cirilo de Jerusalém, Bispo e doutor da Igreja, MF.
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Todas as ligações do assunto encontram-se arquivadas aqui:
com o título «Quem como DEUS» (Letra «Q»).
Um dia destes, ouvi de alguém dizer que era preciso mentir, mentir, mentir, que as pessoas passariam a acreditar na mentira. Uma das marcas registradas do tempo actual é precisamente isso, a manipulação da realidade.
É verdade - e, notemos, não é a mentira, mas a verdade que sempre confirma alguma coisa - que uma mentira repetida incansavelmente pode fazer as pessoas passarem a acreditar na mentira. Isso é possível quando o REINO DE DEUS não habita no coração humano, a pessoa torna-se facilmente manipulável; mas há um pormenor esquecido em tudo isso: 1 + 1 = 15 é uma conta errada. Como a realidade não tem nada a ver com as mentiras, só tem a ver com a verdade, a conta errada só pode trazer desordem e mal à realidade, com muitas cruzes, muitos sofrimentos, muita corrupção, muitas doenças, muitas injustiças, muitas divisões etc. E notemos que as mentiras são sempre muitas, enquanto a verdade é só uma: 1 + 1 = 2. E o que diz a RAINHA DA PAZ sobre o pai da mentira?
Satanás existe. Ele procura somente destruir. Satanás é forte e quer destruir não só a vida humana, mas também a natureza e o planeta em que viveis. Satanás quer arruinar sobretudo as vossas almas e afastar-vos o mais possível da vida cristã e dos mandamentos que a IGREJA convida-vos a viver. Satanás quer a guerra, quer a ausência de paz e quer destruir tudo que é bom.
Em particular:
Satanás deseja destruir as famílias de hoje.
E a arma habitual contre ele é a oração:
Filhos, hoje, convido-vos, de um modo particular, a entrar na luta contra Satanás, através da oração.
Ele tem um plano, nenhuma novidade, mas é a RAINHA DA PAZ que o diz agora:
Queridos filhos, de modo especial, EU convido-vos, a todos, para que rezeis pelas Minhas intenções, a fim de que, por meio das vossas orações, se detenha o plano de Satanás neste mundo, que cada dia encontra-se mais longe de DEUS, e que se coloca a si mesmo no lugar de DEUS, destruindo tudo que é belo e bom, na alma de cada um de vós.
NÃO permitais que vos fascinem ou iludam as falsas luzes que vos rodeiam e se oferecem a vós. NÃO deixeis que Satanás vos domine com uma falsa paz e uma falsa felicidade.
Há também uma falsa paz e falsa felicidade, uma ilusão do Inimigo sobre os que estão sob o seu jugo.
A RAINHA DA PAZ não pede a demonstração da existência de DEUS, mas que O conheçamos, de um modo que, pelo testemunho, fará outros começarem a pensar em desejar fazer a mesma experiência. Mas a justificação racional da existência de DEUS é importante, em particular, para os que não quiseram acreditar em DEUS. Não quiseram, porque DEUS dá o dom a quem O busca, de O encontrar: todo o adulto tem condições de rezar. Se DEUS não tivesse dado tal condição - de O procurarem e O encontrarem na e pela oração -, não haveria cabimento o CRIADOR ter colocado no homem o senso religioso e a religião como a dimensão mais importante e fundamental da vida do homem. E, após a queda, não haveria cabimento DEUS ter permitido ao Seu FILHO assumir a nossa humanidade para ser sacrificada na CRUZ em nosso favor. E esse é o pecado do mundo:
Toda a pessoa adulta tem capacidade para conhecer DEUS (capacidade de rezar). O pecado do mundo consiste precisamente nisto: não procurar DEUS (não rezar).
Se o mundo está em crises e em grande mentira, é por causa desse, que é o maior pecado: a rejeição da salvação que JESUS, na CRUZ, alcançou para a humanidade inteira. Quantos males, injustiças, violências, impiedades por causa dessa rejeição!
Como disse, a justificativa racional da existência de DEUS é importante e é o objectivo deste assunto. Relativo a isso, segundo o livro do Padre Pedro Cerruti SJ, há a posição negativa, dos que negam DEUS ou pelo menos a impossibilidade de conhecer DEUS, o resultado é o mesmo: viver irracionalmente como se DEUS não existisse. Há as posições positivas, mas negando à razão humana a capacidade para alcançar a prova (e vão buscar a prova no irracional, claro, nenhuma prova), ou até exagerando sobre as possibilidades da razão humana, para demonstrar a existência de DEUS, além da posição correcta ensinada por São Tomás de Aquino.
Em relação aos que procuram dispensar a razão para provar a existência de DEUS, o resultado se torna semelhante aos que têm a posição negativa: viver com DEUS ausente e estranho ou até como se DEUS não existisse. Os erros levam a deuses falsos, que nada têm a ver com o revelado por JESUS, esses erros, noto, nasceram no ambiente cristão, não, onde não se ouviu falar de JESUS... Erros do pecado da apostasia.
Quanto à posição dos que exageram nas possibilidades da razão, pelo menos não vivem como se DEUS não existisse, nem O deformam, mas amam-n'O, como um Santo Anselmo, mas a prova da existência de DEUS não pode ser feita desse modo. O unicórnio, por exemplo, possui existência ideal no meu pensamento; sem existência real (actual ou possível). A demonstração «ad posteriori» de São Tomás de Aquino não só demonstra a existência de DEUS, como permite o conhecimento, mesmo que analógico, mas racional, de DEUS. E recordo, para um conhecimento mais profundo de DEUS, ainda nesta vida, é só atender aos pedidos da RAINHA DA PAZ.
O Padre Pedro Cerruti SJ vai mostrar porque só o método usado por São Tomás de Aquino dá a prova robusta sobre a existência de DEUS. O assunto, lembro outra vez, está no no segundo volume do seu livro em três volumes: A Caminho da Verdade Suprema (Editora: Pontifícia Universidade Católica (PUC), Rio de Janeiro, RJ). Antes disso, faz um resumo das posições do pensamento humano em relação a DEUS, à Sua existência, sendo este o objecto principal da Teodicéia. As posições actuais acerca do problema de DEUS podem ser resumidas assim:
1) Posição negativa (em relação à existência ou à impossibiliadade de poder saber)
A) DEUS não existe: Materialismo
B) DEUS não é conhecível: Agnosticismo.
a) Não é conhecível nem a Sua existência nem a Sua essência: agnosticismo puro (Fenomenismo e Positivismo).
b) Não é conhecível a Sua essência: Agnosticismo Dogmático.
2) Posição positiva (com ou sem erro): DEUS existe e é conhecível
A) Somente por processos anti-intelectuais (como? Como se pode demitir a razão humana, se ela está presente em tudo que tomamos consciência?)
a) O Fideísmo e Tradicionalismo,
b) O Criticismo Kantiano,
c) O Sentimentalismo e Pragmatismo religioso.
d) A Intuição Bergsoniana dos místicos.
e) O Modernismo e a Doutrina Imanentista.
B) Por processo intelectual
a) Impossível às forças naturais da razão humana:
- Ontologismo: por intuição.
- Apriorismo: por conhecimento imediato & por demonstração «a simultaneo»;
b) Possível, legítimo e eficaz: na Filosofia Perene e Tradicional por demonstração «ad posteriori».
Como tinha dito acima, o materialismo e agnosticismo acabam no ateismo de viver como se DEUS não existisse. Também acabam por viver assim os que acreditam que pode ser demonstrada a existência de DEUS, mas sem precisar da razão humana, pelo sentimento, por exemplo. É uma atitude irracional pois, sem a razão, nem tomamos conhecimento do sentimento. Não há nada, no homem, que não passe pela razão, do que não é vegetativo. O Ontologismo e Apriorismo não impede de uma vida no amor a DEUS, mas não se pode demonstrar a existência de DEUS desse modo, só como São Tomás de Aquino demonstrou.
No livro, o assunto é muito extenso, mas convido a ler. Aqui só vou resumir as coisas.
Os materialistas negam a existência de DEUS e o agnosticismo prega que não podemos conhecer DEUS. E se DEUS quisesse fazer-SE conhecido, seria impossível a DEUS fazer-SE conhecido? Notemos que essas teorias nunca demonstradas - não vão além de opiniões - nasceram na europa, é certo, tais erros são mais antigos, mas nasceram na europa que nasceu, não, o continente, mas a europa, do cristianismo. O que veio JESUS fazer, senão dizer QUEM é DEUS? E ainda disse que QUEM O vê, vê o PAI. Quem crê em JESUS CRISTO, como uma São Tomás de Aquino, não perde tempo em teorias que desmentem o que JESUS CRISTO ensinou, pois seria perda de tempo e não se chegaria a nenhuma verdade. Mas São Tomás não levou só em conta a sua fé em JESUS - infinitamente melhor que a fé em meros homens e nas suas teorias erradas -, mas também justificou cientificamente que a FÉ não ofende a razão, tem justificativa racional. Observando uma pintura (a matéria), não podemos dizer que ela apareceu por aí, do nada: há sempre uma causa, a causa eficiente é o pintor. Mesmo não tendo visto o pintor, sempre se pode, observando a pintura, ter um conhecimento, mesmo que imperfeito do pintor. E se fôr um especialista de artes - o filósofo -, o conhecimento que poderá tirar do pintor, observando a pintura, é ainda maior. Os materialistas falam em matéria eterna (uma pintura eterna). Mesmo que ela fosse eterna, teria de haver sempre uma causa que lhe deu origem eterna (o pintor (eterno)). Do nada, nada vem. A CRIAÇÃO não veio do nada, mas de DEUS, do Seu poder omnipotente criador.
Diz o positivismo agnóstico:
Só é certo (ou existe) o que é experimentalmente verificado e comprovado.
Que presunção! Além demais, porque nada foi demonstrado de tal afirmação, o seu "dogma" de fé, a ser verdade, destruiria toda a ciência, mesmo a experimental. Como a ciência existe, ela é o contra-exemplo para a fé positivista. Nós podemos conhecer objectos (coisas) não sensíveis, DEUS, ao criar o homem, deu-lhe uma inteligência com mais, muito mais capacidade. Tal princípio arbitário positivista deve ser admitido sem discussão... Mas vejamos a contradição: afirmar que «não é certo (ou não existe) senão o sensivel experimentalmente verificável em si mesmo» não é uma coisa sensível que se possa verificar experimentalmente... Como se vê, para se acreditar no positivismo, só com uma fé irracional. Na Ciência experimental, a constância, necessidade e generalidade das leis é a conclusão do raciocínio indutivo, não, a sua premissa... A física toda, por exemplo, é obra de inteligência e não de simples observação empírica. Não foi a observação empírica que descobriu essas leis, mas a inteligência humana no acto de apreender, fazer juízos e raciocinar, é certo, usando o instrumento da observação empírica.
Podemos não compreender DEUS - JESUS revelou ser PAI -, mas podemos conhecê-l'O racionalmente: a prova da existência de DEUS (o PINTOR) se deduz da existência de seres que são efeitos d'ELE (a pintura). A mentira, embora esteja na moda - explicando as tantas desordens do mundo - é fácil de se contradizer e se desmascarar: como se pode afirmar a existência de algo - por exemplo, de DEUS -, como o incognoscível sem se ter alguma idéia? Como se pode ter alguma idéia do incognoscível, se fôr incognoscível? Se algo é incognoscível, idéia nenhuma podemos ter. É verdade que a idéia de DEUS não demonstra a Sua existência, mas também é verdade que se algo for incognoscível, nenhuma idéia podemos ter disso.
Em relação aos processos anti-intelectualistas, todos pecam num ponto comum: sem a razão humana, não podemos conhecer nada, por exemplo, tomar consciência de um sentimento, quem toma consciência disso - ou de qualquer imagem sensivel - é a inteligência. Os sentidos não afirmam nada; é a inteligência que afirma ou nega algo.
Em relação ao fideísmo e tradicionalismo - a existência de DEUS só pode ser alcançada pela REVELAÇÃO -, é impossível que o primeiro conhecimento que temos da existência de alguém seja um acto de fé na palavra desse alguém. O primeiro conhecimento de DEUS não pode ser um acto de fé na autoridade de DEUS. É necessário reconhecer primeiro a existência e a autoridade de quem afirma uma verdade de fé. O que eu posso saber do que me contaram - e eu acreditei -, só depois de me terem contado eu acredito ou não. Nada pode ser de conhecimento sem a acção da nossa razão natural. Por isso, os postulados kantianos se contradizem:
- ou admite os princípios teóricos como leis do ser real e não apenas do nosso espírito (como o é apenas do espírito, sem existência real, o "pai natal" do Pólo Norte...). Admitindo-as, eles provarão com certeza objectiva científica a existência de DEUS, mas ficará destruída a crítica da razão pura (pois podemos atingir para além do fenómeno, o próprio nómeno);
- ou admite que a sua moral, sem fundamento real, baseada no dogmatismo irracional, é incapaz de explicar e legitimar o imperativo categórico, mas ficará destruída a crítica da razão práctica.
Apesar de querer refutar o ateísmo de Hume, a sua teoria, mais do que nenhuma outra, contribuiu para a incredulidade do século XIX.
O sentimentalismo e o pragmatismo religioso, amputando a razão como faculdade de conhecimentos certos e objectivos, o homem fica incapaz de chegar a DEUS... Como amar um objecto sem o conhecimento prévio da sua amabilidade? Não é o sentimento que faz conhecer o objecto, mas é o objecto conhecido - pela razão - que faz nascer o sentimento. Toda a experiência religiosa, mística ou não, depende do conhecimento intelectual. Quando sobrenatural, é o intelecto humano, e não outra coisa, que é iluminado por DEUS.
Quanto à intuição bergsoniana dos místicos, o "deus" de Bergson não é o DEUS dos filósofos e grandes místicos cristãos, não é o DEUS que o cristianismo adora (revelado por JESUS). (Monsenhor Penido) Por detrás de muitas teorias, que parecem tão bonitas, à primeira vista, mas logo se vê a deformação, está, atendendo ao convite da Serpente a Eva, da divinização do homem que, sem DEUS, é apenas um miserável pecador disfarçado de "deus", essa perversidade do antropcentrismo do reanascimento. Nessas teorias, até se acredita em DEUS, mas, de preferência, esteja bem longe das coisas dos homens: Não deixa o bergsonismo nenhuma abertura para as perspectivas da fé estritamente sobrenatural. (Tonquédec) Que horror! Pode-se ver que tais teorias nascem de quem nunca rezou, nunca descobriu DEUS nem de leve, pela oração. Tudo horizontal, materialista, fútil, vazio, prometendo paraísos terrestres. Uma vez uns Testemunhos de Jeová me vieram falar que só uns 144 mil veriam DEUS e o resto ficaria no paraíso terrestre - que DEUS construiria mais tarde (ou repararia o perdido) -, e ficaram espantados quando lhes disse que, se isso fosse verdade, DEUS estaria a oferecer-me o inferno, porque o PARAÍSO é poder ver DEUS e só nisso se entra no PARAÍSO.
PARAÍSO que já se pode viver na Terra (como no CÉU), como convida a RAINHA DA PAZ a descobrir, com DEUS sempre no coração, no centro de tudo e de todos, a fonte de tudo, em particular, do meu amor, do meu amor pelo próximo, o irmão, do meu amor pelas criaturas, etc, em tudo, DEUS, DEUS transcendente, mas sempre DEUS, presente em mim, no espaço público, em tudo e em tudo DEUS comigo.
Quanto ao modernismo e doutrina da imanência, é o cúmulo da perda de fé de cristãos, como se não valesse mais nada do que JESUS ensinou, e até o Salvador do mundo precisaria agora de ser salvo por teólogos que nunca rezaram (ou nunca chegariam assim tão longe): no início do século XX, difundiu-se um movimento entre alguns teólogos, católicos e protestantes liberais, com o fim de adaptar os dogmas (nem isso sabem o que são) à mentalidade moderna e salvar a religião, que a seu ver, estava em crise por causa do seu apêgo ao intelectualismo escolástico. Quem diria, já o disse, o SALVADOR do mundo precisando ser salvo pelo modernismo! Recorreram ao sentimento e separaram totalmente a Ciência da FÉ, julgando tornar assim a religião inexpugnável. Ao movimento deu-se o nome de modernismo.
O resultado, ainda em vigor neste mundo de mentiras, foi uma amálgama de todos os erros da Filosofia, chegando à negação dos primeiros princípios racionais e da mesma razão. No campo teológico, foi uma sìntese de todas as heresias, até à impossibilidade de qualquer religião revelada e mesmo de uma religião natural racional. Foi um sistema onde se confluiu os principais erros que o precederam.
Pelo outro lado, o ontologismo e apriorismo vão reconhecer a função da nossa razão na demontração da existência de DEUS, mas vão exagerar sobre as possibiliddes da nossa razão atingir a verdade.
Até amanhã, se DEUS quiser!