segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

05 Quem como DEUS? (17)

TC 01,2 A (Salt.: sem I)
Segunda-Feira da semana 1 do Tempo Comum.
Santo Hilário, Bispo e doutor da Igreja, mf

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Todo este assunto, desde o início, encontra-se


no assunto «Quem como DEUS?»

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Apresento agora as outras vias que demonstraram a existência de DEUS de modo muito mais compacto, pois o objectivo deste assunto é só mostrar que a demonstração da existência de DEUS já foi feita, com todo o rigor da razão - uma escassez nos tempos actuais... - no século XIII.

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A CAUSA EFICIENTE PRIMEIRA E INDEPENDENTE
2ª Via
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TESE: Pela existência real das causas eficientes essencialmente subordinadas demonstra-se a existência de DEUS, como CAUSA PRIMEIRA não subordinada e não causada.

Uma causa final é aquela que é o termo (o fim) de uma ação, embora seja o princípio da ação na ordem da intenção. Um escultor tenciona trabalhar no mármore para dar forma a uma estátua. Sem isso, não há ação, esta intenção é o ponto de partida. Quando tiver a estátua terminada, terá atingido o seu fim: a causa final é o termo dessa ação, atingiu o seu fim.

A causa eficiente é aquela que produz o efeito: o escultor é a causa da estátua como estátua.

Esta causa eficiente pode ser essencial ou acidental.

O escultor é a causa eficiente da estátua essencial, porque tal escultor tinha a intenção ou fim (causa final) de construir a estátua: é a causa eficiente essencial.

Um agricultor cava um buraco na terra para plantar uma árvore (a causa final é a árvore). O agricultor é a causa eficiente essencial para a árvore ficar plantada, mas acontece algo de imprevisto: descobre um tesouro. Ele não tinha a intenção (o fim) de descobrir um tesouro, ao cavar o buraco, mas de plantar uma árvore. Esse agricultor tornou-se causa eficiente acidental para a descoberta do tesouro.

Na demonstração é levado em conta as causas eficientes essenciais.

Várias causas são ordenadas quando concorrem para a produção do mesmo efeito (fim). Assim, no caso da estátua de mármore, temos o escultor como causa eficiente principal, o cinzel usado pelo escultor como causa eficiente instrumental. Ambas são ordenadas a produção duma estátua de mármore:

A e B => C.

Várias causas são subordinadas entre si quando há influxo de uma noutra:

A => B => C.

O fruto (o efeito, C) é produzido pela eficiência da planta (B, causa eficiente), mas esta eficiência depende do (está subordinada ao) influxo da terra (A, causa eficiente).

É este caso, das causas eficientes subordinadas que são consideradas nesta via para demonstrar a existência de DEUS.

É um facto real que existem causas eficientes essencialmente ordenadas e é constatando este facto que, à semelhança da 1ª via, se demonstra que tudo tem explicação se existir a CAUSA PRIMEIRA não subordinada e não causada,  a QUEM chamamos de DEUS. Sem isso, só acreditando no absurdo.

ENUNCIADO DO ARGUMENTO:
A segunda via procede da natureza da causa eficiente. Descobrimos, com efeito, que há nos seres sensíveis uma certa ordem  das causas eficientes; nunca, porém, encontramos, nem é possível que alguém seja causa de si mesmo... Ora, nas causas eficientes (ordenadas «per se», isto é, essencialmente) é impossível proceder ao infinito... Logo é necessário admitir uma causa eficiente primeira, à QUAL todos dão o nome de DEUS. (Santo Tomás, I, q. 2, a. 3)

DEMONSTRAÇÃO:

Existem séries de causas eficientes essencialmente subordinadas, como atesta a experiência (I).

Ora, nas causas eficientes essencialmente subordinadas não é possível proceder ao infinito, isto é, não pode existir uma tal série sem que haja no início dela um causa primeira não-subordinada (II).

Logo existe uma causa eficiente primeira não subordinada no seu causar.

Mas esta causa primeira necessariamente é incausada e possui os atributos dos ser a QUEM chamamos DEUS (III).

Logo existe DEUS como PRIMEIRA CAUSA EFICIENTE não subordinada e não causada.

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EXPLICAÇÃO
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(I): Existem séries de causas eficientes essencialmente subordinadas.

É um facto! A nossa experiência atesta que as causas se nos apresentam não como isoladas, mas relacionadas, não, como autónomas, mas subordinadas e dependentes no seu ser e na sua actividade.

Uma ovelha não pode existir, permanecer com vida, gerar outra ovelha sem o influxo actual do ar, da pressão atmosférica, do calor solar, da actividade química dos alimentos, etc.

(II): Não é possível o processo ao infinito nas causas essencialmente subordinadas.

Se a série de causas subordinadas fosse infinita, não haveria mais uma causa primeira. Somente causas intermediárias e subordinadas. Tirando a causa, não há efeito: rodas e alavancas duma engrenagem não se movem sem o dínamo. É claro que não é assim no mundo real: no mundo real vemos séries de causas eficientes essenciais subordinadas produzindo efeitos. Assim, não possível o processo ao infinito

(III): Mas esta causa primeira necessariamente é incausada e possui os atributos dos ser a QUEM chamamos DEUS

Estes atributos não os coloco aqui, mas são os que, por analogia, atribuimos a DEUS.

As objecções que se colocaram nesta via são semelhantes às que se colocaram na 1ª via. E todas foram levantadas.

Até amanhã, se DEUS quiser!

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