terça-feira, 23 de novembro de 2010

2 Coríntios IV,18 - V, 1.6-7.10

«Não olhamos para as coisas visíveis, mas para as invisíveis, porque as visíveis são passageiras, ao passo que as invisíveis são eternas.» (2 Cor 4,18)


Neste mês das almas, de algum modo está ligado ao encerramento do ano litúrgico com a solenidade de CRISTO REI, pois sugere também o Juízo Final. No início do novo ano litúrgico, no próximo DOMINGO, quando entrarmos no tempo do advento, viveremos, mais do que noutros tempos do ano, a reflexão sobre a vinda de JESUS, não mais na humildade do presépio, mas na Sua GLÓRIA, para julgar os vivos e os mortos, ao mesmo tempo que nos preparamos para festejar a primeira vinda de JESUS ao mundo, o Natal. 


Diz e pede a Rainha da Paz que saibamos viver com corpo neste mundo passageiro - pois é aqui que vivemos e não noutro mundo -, mas com a alma elevada a DEUS. Não há ninguém mais realista do aquele que vive deste modo: as realidades invisíveis são superiores às visíveis. Uma pessoa que só pensa nesta vida e nada pensa da outra, nem da vida espiritual, o que é? Quantos realistas existem neste mundo, actualmente?

«Sabemos, com efeito, que, quando a nossa morada terrestre, a nossa tenda, for destruída, temos uma habitação no CÉU, obra de DEUS, uma casa eterna, não construída por mãos humanas.» (2 Cor 5,1)

Neste mundo, conforme a bênção de DEUS, no Livro do Génesis, de crescimento e multiplicação («Crescei e multiplicai-vos!»), o nosso corpo ou habitação da alma ou morada terrestre - o ser humano é corpo (terrestre ou material) e alma (espiritual) - é gerado, biologicamente, pela união do homem com a sua mulher, no acto sexual, enquanto DEUS, no momento da concepção, cria do nada uma alma humana para o novo ser humano. Este corpo, DEUS mantinha acidentalmente imortal antes do pecado original; com a queda, tal corpo, sendo pó, ao pó há-de voltar. Mas «quando a nossa morada terrestre, a nossa tenda, for destruída, temos uma habitação no CÉU, obra de DEUS, uma casa eterna, não construída por mãos humanas.» É a ressurreição dos corpos. Não mais será um corpo mortal - como acontece com tudo que é material, tem um fim -, que DEUS mantinha acidentalmente imortal, mas transfigurado, espiritualizado, de modo que será substancialmente imortal como a alma humana. Este corpo na glória não será mais obra humana, mas o fruto da RESSURREIÇÃO DE JESUS. 

«Estamos sempre confiantes e conscientes de que, permanecendo neste corpo, vivemos exilados, longe do Senhor, pois caminhamos pela fé e não pela visão...» (2 Cor 5,6-7)

Este corpo só pode apreender o que é visível, não pode apreender o invisível, embora DEUS possa intervir extraordinariamente em alguma alma humana, ainda nesta vida - a dos santos -, de modo a que a pessoa tenha uma experiência, inclusivé sensível, com o invisível. A visão plena, chamada visão beatífica de DEUS, será só depois deste exílio, quando o bem-aventurado, liberto da tenda terrestre, receber a tenda celeste que permitirá, corpo e alma, ver DEUS, permanecendo vivo, sem morrer de felicidade, como aconteceria com alguém neste mundo, estando em estado de graça (em pecado, fugiria de DEUS como os pardais fogem de nós, mesmo que, NOTE BEM, não queiramos fazer-lhes mal: DEUS só quer que o homem se converta e viva, quer o bem: a vida dos vivos, que são os que verão DEUS no CÉU, e os que, ainda neste mundo, caminhando à luz da FÉ, vivem a vida nova da graça).

Todos havemos de comparecer perante o tribunal de CRISTO, a fim de que cada um receba conforme aquilo que fez de bem ou de mal, enquanto estava no corpo. (2 Cor 5,10)

São Braúlio, bispo de Saragoça, século VII, escreve o seguinte:

«CRISTO, esperança de todos os crentes, chama adormecidos e não mortos àqueles que partem deste mundo: ELE disse, de facto: "Lázaro, o nosso amigo, dorme"» «O nosso amigo Lázaro está a dormir, mas EU vou lá acordá-lo.» (João 11,11b) 


Todos seremos acordados, no dia do Juízo Final, pois a morte humana não é o fim, mas um sono mais prolongado...

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