TP 3,3 A (Salt.: sem III)
Terça-Feira da semana 3 do Tempo Pascal.
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Todo este assunto, desde o início, encontra-se
AQUI.
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Em todas as coisas perfeitas descubro limites, mas a Vossa LEI é grande, sem medida. (Salmo CXVIII, 96)
Nas duas últimas vias vou só apresentá-las de modo mais breve, hoje, a 4ª via. A intenção deste assunto não é o rigor das demonstrações, pois nem sou especialista no assunto - requer conhecimento de Filosofia e dos seus conceitos -, mas dar a idéia de como foram feitas (e que já se demonstrou a existência de DEUS, racionalmente, para fazer-se de conta que ainda não foi feito).
Após a 5ª via, pretendo, sem promessas - só DEUS pode garantir que as cumpre, ninguém mais -, mas com esse propósito, se DEUS quiser, alongar brevemente noutros assuntos sobre DEUS, como religião e o que pensadores disseram sobre DEUS ao longo da história.
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O SER SUPREMO INFINITAMENTE PERFEITO
4ª Via
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TESE: Pela existência real de perfeições simples diversamente limitadas demonstra-se a existência de DEUS, como SER SUPREMO INFINITAMENTE PERFEITO.
Uma coisa é perfeita (per-facta = acabada) quando nada lhe falta do que convém à sua natureza: não precisa, pois, de mudar (aperfeiçoar-se) para melhorar.
Uma perfeição é simples (pura) quando na sua razão formal (= essência, definição) diz somente perfeição, sem envolver necessariamente alguma imperfeição nem alguma incompatibilidade com qualquer outra perfeição, de modo que, em qualquer hipótese, é sempre melhor possuir esta perfeição do que não a possuir.
- As que existem de modo perfeito e infinito (eternidade, por exemplo) excluem qualquer imperfeição no seu modo de existir, não se comparam com outras e só podem encontrar-se no ser infinito, DEUS.
- Outras podem existir tanto de um modo perfeito e infinito, quanto de um modo imperfeito e finito, portanto, admitem graus diversos e analógicos nos vários seres: ser, verdade, bondade, unidade, vida, sabedoria, justiça,... A justiça dos homens é sempre imperfeita e finita, já a de DEUS é perfeita e infinita. Só em DEUS, tais perfeições existem de modo perfeito e infinito; as mesmas se contacta, como facto real, existirem em diversos graus de modo finito e imperfeito nas criaturas e é dessa constatação que a razão nos obriga a concluir pela existência de DEUS.
Uma perfeição é mista quando na sua razão formal envolve necessariamente alguma imperfeição e alguma impossíbilidade com outra perfeição, de modo que não pode existir de modo infinito: racionalidade, corporeidade, sensibilidade, quantidade, cor,... São coisas próprias de criaturas apenas.
A quarta via tem como ponto de partida a existência real - não ideal, mas real, a causa delas não pode ser ideal, mas real - de perfeições simples realizadas imperfeita e limitadamente, segundo graus diversos e analógicos nos vários seres. A única explicação racional para a existência delas é DEUS...
ENUNCIADO DO ARGUMENTO:
a) A quarta via procede dos graus que se encontram nas coisas - Encontram-se, com efeito, nos seres, em proporção maior ou menor, a bondade, a verdade, a nobreza e outras perfeições enquanto se aproximam de um máximo... Há, portanto, algo que é sumamente verdadeiro, e óptimo e nobilíssimo e, por conseguinte, sumamente ser: pois, as coisas maximamente verdadeiras são maximamente seres, como diz o Filósofo (II Metaphys., lect. 2). Mas, o que é maximamente tal em algum género, é causa de tudo o que pertence a esse género... Logo existe um ser que é causa do ser e da bondade, e de qualquer perfeição em todas as coisas. E este ser chama-se DEUS. (Santo Tomás, Summa Theol., I, q. 2, a. 3)
b) Tudo aquilo que existe por participação, deve ser reduzido a (isto é, depende de) algo que seja aquilo mesmo por sua essência, como a um primeiro e sumo... Por conseguinte, visto que todas as coisas que existem participam da existência e são seres por participação, é necessário, acima de todas elas, algo que seja a existência mesma por sua essência, isto é, algo cuja essência seja a sua existência: e este algo é DEUS, que é a causa suficientíssima, e digníssima e perfeitíssima de todo o ser (totius esse), e do qual todas as coisas que existem e recebem a existência por participação. (Santo Tomás, Lectura in Evangelium Joannis: Prologus)
A limitação duma perfeição simples, a sua multiplicidade, diversidade de graus, etc, são sinais certos de ser uma perfeição participada.
Existem nos seres do mundo perfeições simples diversamente limitadas. (I)
Ora, uma perfeição simples limitada é necessariamente uma perfeição participada e causada (causada por outro ser distinto que é por essência essa participação subsistente), que um ser possui como recebida de outro. (II)
Logo existe este outro ser, esta causa que a produziu.
Mas esta causa, em última análise, não deve deve também ela possuir esta perfeição de um modo limitado (ou seria causada, participada, recebida de outro), mas deve ser por sua essência esta mesma perfeição subsistente realizada plenamente sem nenhuma restrição ou limite. (III)
Logo cada perfeição simples, para ser realizada de um modo limitado ou possuída diversamente por vários seres, exige a existência dessa mesma PERFEIÇÃO por SI subsistente e infinita.
Mas perfeições simples subsistentes de um modo ilimitado implicam-se umas às outras em um único SER infinitamente perfeito. (IV)
Logo existe um SER infinitamente perfeito que possui e é todas estas perfeições ilimitadamente, não como um agregado infinito de perfeições, mas em uma essência infinitamente perfeita na sua absoluta simplicidade e unidade.
Logo este SER infinitamente perfeito é certamente distinto dos seres deste universo, todos finitos, imperfeitos e causados, e corresponde evidentemente ao ser que chamamos DEUS.
Logo existe DEUS, como SER SUPREMO, INFINITAMENTE PERFEITO.
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Partamos do aspecto da beleza que as coisas manifestam diferentemente. Vemos, em relação à perfeição (4ª via) haver diversos graus de belezas - todas ela finitas - em diversos seres. Daí se conclui que há uma causa única para isso acontecer, e vemos que acontece realmente, os nossos sentidos atestam o facto. Não é só uma idéia da mente, mas realidade, objectividade.
Porque há diferentes graus de beleza em diversos seres - é um facto -, é necessário uma BELEZA que existe fora e acima dessa hierarquia - BELEZA transcendente -, que é a BELEZA absoluta e infinita a QUEM chamamos de DEUS.
Este argumento se aplica validamente a todos as outra perfeições e qualidades presentes de modo finito e imperfeito, em diversos graus, que conferimos estarem presentes nas criaturas. Levam-nos sempre à necessidade de uma perfeição infinita e transcendente como causa de todas elas.
Não se trata de algo só de existência ideal, mas também real. Não é uma BELEZA ideal, mas BELEZA subsistente; não é uma VERDADE ideal, mas VERDADE subsistente. Etc, para todas as outras perfeições simples, onde - atestam os nossos sentidos, é um facto da realidade - há perfeição limitada e finita em diversos graus, que nos levam ao SER que é a própria perfeição de modo infinito, a QUEM chamamos de DEUS.
Desde a criação do mundo, DEUS, que é invisível, mostrou claramente o Seu poder eterno e a Sua divindade nas Suas obras. (Romanos I, 20a)
A luz natural da razão humana, não afectada, mas sadia, pode assim, por analogia, compreender que só a existência real de DEUS, transcendente à CRIAÇÃO, explica tudo isso que os nossos sentidos atestam.
SENHOR, a Vossa PALAVRA permanece eternamente,
imutável como os CÉUS.
A Vossa fidelidade mantém-se de geração em geração,
como a Terra que formastes e permanece.
Pela Vossa VONTADE perduram as coisas até este dia,
porque todas elas VOS estão sujeitas.
Em todas as coisas perfeitas descubro limites,
mas a Vossa LEI é grande, sem medida.
(Salmo CXVIII, 89-91.96)
Pela Vossa VONTADE perduram as coisas até este dia,
porque todas elas VOS estão sujeitas.
A ciência é um dom de DEUS, como tudo que existe. A natureza nada nos dá que não receba do CRIADOR. Vivemos no mundo dos direitos autorais, mas vergonhosamente fala das belezas da CRIAÇÃO sem mencionar o Seu AUTOR. Em nome da liberdade - outro dom de DEUS para as criaturas inteligentes, mas que se perde pelo pecado - nada é censurado, salvo DEUS. Isto é uma aberração cheia de aberração. O natural seria tudo censurar (do que ofende DEUS), menos DEUS.
Aleluia! E até amanhã, se DEUS quiser!