Quem como DEUS? (3)

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Demorei-me algum tempo a voltar ao assunto do título porque nem sempre posso ocupar-me disso, mas já anteriormente tinha descoberto que vale a pena desenvolver mais como foi o pensamento humano em relação a DEUS ao longo da história (livro do Padre Leonel Franca, S.J., sobre história da Filosofia), antes de mostrar como foi demonstrada a existência de DEUS.

Aristóteles, que se pode chamar, sem dúvida, o pai da ciência moderna, conseguiu ir muito longe, usando só a luz natural da razão, não só em relação a DEUS, mas em relação ao conhecimento humano. Veremos isso adiante.

Sem dúvida, atender aos pedidos da RAINHA DA PAZ, que levou os pequeninos videntes de Fátima ao conhecimento de DEUS de modo mais profundo, a um grande conhecimento de DEUS, já mais perto do que os bem-aventurados do CÉU têm, é muito melhor que divertir a nossa inteligência com o que há de melhor para ela, que lhe dá mais alegria e felicidade: falar de DEUS e das coisas de DEUS.

Melhor que saber o que a Filosofia tem a dizer de DEUS - a Filosofia não tem nada a ver com a religião ou com opiniões ou modos de pensar, como aparece essa idéia errada e ignorante na internet, mas com a ciência humana mais elevada que a luz natural da razão pode alcançar, cujo objecto são as causas primeiras -, pois se fica num conhecimento sobre DEUS apenas a nível racional (mental), é descobrir o AMOR DE DEUS numa planta, por menor que seja, descobrir o DEUS CRIADOR nas coisas da natureza, acto contínuo da Criação de DEUS, que se alguma coisa que fosse, saísse do Seu PENSAMENTO, deixaria de existir. 

O culto a Baal, já diz a SAGRADA ESCRITURA - à natureza e às forças da natureza - é um absurdo, um ídolo de absurdo: a natureza existe porque DEUS lhe dá continuamente exitência (criação contínua), e não pode dar nada que não tenha recebido de DEUS, por exemplo, a chuva. A RAINHA DA PAZ em muitas das Suas mensagens nos convida a isso mesmo, não ao absurdo culto ao ídolo Baal, que observa a natureza para cultuar a natureza, um ídolo que nem sabe que lhe estão a prestar culto e que não poderia existir nem dar nada que não tenha recebido do CRIADOR, mas para descobrir DEUS presente, de modo transcendente, mas presente, até na criatura mais insignificante, mas tão cheia do AMOR DE DEUS. Pede, em muitas mensagens Suas, para observar como até na mais pequenina planta está a beleza e ciência fantástica de DEUS e o AMOR, sem medidas, que a criou e a mantém, por criação contínua, existindo. É preciso, nessa contemplação, filtrar a desordem temporária do pecado original, o joio do Inimigo temporaria e acidentalmente presente na natureza até ao Juízo Final. Uma laranja, por exemplo, foi criada para fazer o bem (somente), mas sabemos que pode fazer o mal, cito só este exemplo e este outro: a violência entre os animais brutos, que tanto agrada certos programas mostrar em programas da natureza ao DOMINGO, não tem nada a ver com a Criação, mas com a herança do pecado original. Talvez, por isso mesmo - e apropriadamente - não falem de DEUS nesses programas, já que alguém mal humorado sujou a pintura (a desordem da Criação); assim, fala-se da pintura, mas mostrando a sujeira que fizeram nela, sem se falar no PINTOR: mundo desorientado! Sabemos que essa pintura foi restaurada com a ressurreição de JESUS a uma beleza e sabedoria superior à pintura original; a restauração plena veremos no Juízo Final. O que considero um absurdo, nesses programas, é preferir-se mostrar a sujeira que fizeram à pintura e nada se falar do PINTOR. Tem cabimento, diria alguém? 

Diz a SAGRADA ESCRITURA que a Criação inteira geme as dores de parto à espera do dia em que DEUS, neste mistério do tempo para provar o homem, a livrará de tudo isso, que há de sujo e é mostrado nesses programas, como se a Criação fosse isso, e que coincidirá, diz a SAGRADA ESCRITURA, com a manifestação do filhos de DEUS. Então, com a vinda do PINTOR, restaurada plenamente a pintura (Criação) a uma beleza superior à original, teremos nova terra e novos céus.

Como disse, descobrir DEUS, o Seu imenso AMOR, a beleza e sabedoria de DEUS presente numa pequenina flor, ou pequenito insecto movendo-se, é, quando o momento da graça acontece - é DEUS que SE revela ou ficamos como os que prestam culto a Baal sem ver nada -, que temos um conhecimento de DEUS superior ao meramente mental, porque envolve corpo e alma, razão e sentidos, portanto, coração (no sentido bíblico). Mas o entendimento, nesse momento de graça de observação da ntureza, amplia-se também.

Anteriormente, vimos na China, lá para uns 600 a.C. (antes de CRISTO), que Lao-Tse estabelece acima de todas as coisas a existência de uma RAZÃO Suprema (DEUS), causa de todos os seres e norma absoluta de toda a actividade moral. E na Grécia antiga, temos Anaxágoras (500-428 a.C.), que diz ser DEUS a INTELIGÊNCIA ordenadora, sem a QUAL não seria possível a harmonia do Universo.  

Tirado do livro «Noções de História da Filosofia» do Padre Leonel Franca S.J., Livraria Agir Editora, continuo a breve história da Filosofia, mas só sobre o assunto mais metafísico e emocionante da Filosofia, que é, como só podia ser, DEUS.

Assim como temos, antes do esplendor do pensamento grego, que acontecerá a partir de Sócrates, um Anaxágoras chegando tão longe no conhecimento meramente racional sobre DEUS, temos também Demócrito, com idéias materialistas sobre DEUS. Apesar de ser irracional tais idéias, como será visto, quando se fizer o esboço da demonstração da existência de DEUS, ele tem uma contribuição relevante noutra área do conhecimento humano, na Física: à sua teoria atómica, a ciência moderna pouca coisa lhe acrescentou.

Demócrito, opondo-se a Anaxágoras, já revela as asneiras do ateismo e materialismo (evolucionismo materialista) - não é coisa da modernidade, nenhuma novidade, mas erro de todos os tempos -, quando diz que a origem do mundo se explica sem intervenção duma INTELIGÊNCIA ordenadora (DEUS). Por necessidade de natureza, os átomos movém-se no vácuo infinito com movimento rectilíneo de cima para baixo e com desigual velocidade. Daí, entrechoques atómicos e formação de imensos turbilhões de que se originam os mundos. A questão é que nem tudo é formado por átomos, isto é, matéria, nem tudo é movimento continuo e não existe nada que se mova sem haver algo, como causa, que a faça mover e é extrínseco ao que se move (causa eficiente). Demócrito, no pensamento grego, aparece como o primeiro ateu materialista, dando, contudo, uma grande contribuição à Física atomística.

Neste primeiro período da Filosofia grega, antes de Sócrates, salvo Demócrito, todos os filósofos admitem um SER Supremo e Eterno, mas identicam-no panteisticamente com a natureza. Só Anaxágoras professa explicitamente a imaterialidade e transcendência divinas.

Se é verdade que DEUS está em tudo que existe, ou não poderia existir o que existe, DEUS não é esse tudo nem cada uma dessas coisas existindo, mas transcendente a tudo isso. A maioria acredita no panteísmo, neste período da grécia antiga, antes de Sócrates.

Sócrates dá início ao período em que a Filosofia grega e pensamento humano engrandeceu. Ele estabelece a existência de DEUS com o argumento teológico: tudo o que é adaptado a um fim é efeito de uma inteligência. Com o argumento de causa eficiente: se o homem é inteligente, também inteligente deve ser a causa que o produziu. (uma coisa que o evolucionismo ateu não entende...) Com o argumento moral: a lei natural supõe um ser superior ao homem, um legislador, que a promulgou e a sancionou. Repare que Sócrates, pela luz natural da razão, reconhece a existência da lei natural, inscrita no coração humano, não é uma coisa da IGREJA, como se costuma dizer, quando não há mais nada para dizer.

DEUS não só existe, diz Sócrates, mas é Providência, governa o mundo com sabedoria e o homem pode propiciá-l'O com sacrifícios e orações (que são a duas virtudes principais da religião. Na EUCARISTIA está presente o sacrifício e oração de JESUS CRISTO e, por ELE, com ELE e n'ELE, unidos pelo ESPÍRITO SANTO, de toda a IGREJA, oferecidos a DEUS PAI).

Ainda não se demonstrou a existência de DEUS, mas já se aproxima muito da demonstração genuína que será feita por Santo Tomás de Aquino. Apesar de ainda não se demonstrar a existência de DEUS com esses argumentos, já se encontra Sócrates próximo disso.

Platão revoluciona o conhecimento humano científico, embora só com Aristóteles tal conhecimento, como pai da ciência moderna, ganha a característica que tem até hoje. 

Diz Platão que a ciência é objectiva: ao conhecimento certo deve corresponder a realidade. Ora, por um lado, os nossos conceitos (idéias) são universais, necessários, imutáveis e eternos (Sócrates), observa Platão; pelo outro, tudo no mundo é individual, contingente e transitório, como dizia Heráclito. Deve pois, conclui Platão, existir, além do fenomenal, um mundo de realidades, objectivamente dotados dos mesmos atributos dos conceitos subjectivos que as representam, as idéias. 

É o realismo exagerado que René Descartes voltará a abraçar. Aristóteles fará a correcção: as idéias são representações intelectuais, formas abstratas do pensamento; para Platão, são realidades objectivas, modelos e arquétipos eternos de que as coisas visíveis são cópias imperfeitas e fugazes. 

Sobre todas as idéias platónicas, «prima a idéia de BEM, luz e vida de todas as outras, diz Platão, origem do ser e cognoscibilidade das coisas, causa eficiente e final de todo o universo. Esta idéia de BEM identifica-se com a RAZÃO DIVINA, é DEUS.»

Assim, para Platão, DEUS é o BEM, a idéia de BEM...

«Platão é o primeiro filósofo que tenta a sistematização geral de toda a Filosofia. Na sua vasta síntese, achamos incluídas as verdades capitais do espiritualismo: existência de DEUS, espiritualidade e imortalidade da alma (humana), distinção entre o sensível (corpo) e o inteligível (espírito), noção de virtude e felicidade.»

Para terminar por hoje, pulando para a nossa época, gostaria de colocar o que a irmã Lúcia diz de DEUS, no livro «Apelos da Mensagem de Fátima». Ela não é filósofa, suponho eu, mas teve um conhecimento de DEUS superior, que se obtém do convívio habitual com DEUS (com NOSSA SENHORA, etc).

No Seu poder, bondade e sabedoria infinita, diz a irmã Lúcia, DEUS comunica a tudo quanto existe os dons necessários à sua subsistência. Por isso, tudo depende d'ELE, e sem ELE nada pode continuar a existir. (...) Tudo quanto existe é uma manifestação de DEUS, da Sua obra criadora, providente e redentora. Nestes tempos em que a ciência tem feito tantos progressos, em que homens arrojados conseguiram pisar na Lua, e o mundo se gloria de inúmeros avanços, nenhum dos sábios modernos se esqueça do NOME e GRANDEZA do ARTÍFICE que fabricou todos estes mundos, onde eles tanto desejam penetrar. (Irmã Lúcia - Apelos da Mensagem de Fátima)

E DEUS, para quem vive atento (vigilante, como pedia JESUS...), pode inspirar coisas que nos ensinam coisas úteis que nos levam, por sua vez, à humildade, a não construir loucamente, como se faz hoje, torres de Babel para chegar ao CÉU sem precisar de DEUS. A irmã Lúcia conta algo que observou, uma formiginha que laboriosamente ia subindo pelo fio de uma teia de aranha para alcançar um apiário, naturalmente, para alcançar o mel, quando uma abelha, cortando o fio por onde subia, fez a formiga cair no chão, com o seu intento frustrado:

Lembrei-me então dos astronautas que andavam perdidos no espaço, tive pena deles e pensei: esta formiga cai no chão, e a abelha entra triunfante na colmeia com o fruto do seu labor! As duas são a imagem do poder e da ciência humana postos em paralelo com o poder e a ciência de DEUS. Quantos estudos, quantos cálculos, quantos esforços e sacrifícios têm custado aos homens o ideal de conseguir pisar o solo de um astro que, no entanto, DEUS criara com um só acto do Seu QUERER, da Sua SABEDORIA e do Seu PODER. OMNIPOTENTE como é, ELE lá colocou e conserva, sempre na mesma posição, seguindo sempre a mesma rota que DEUS lhe marcou e até que DEUS assim o queira. E não é apenas a Lua... São todos os astros, conhecidos e desconhecidos, que giram no espaço e aonde os homens nem sequer pensam chegar. Temos aqui, lado a lado, a grandeza de DEUS e a impotência do homem. Com estes pensamentos, tomei nas mãos o Terço e fui até junto da imagem de NOSSA SENHORA a rezar, pedindo-LHE que, já que DEUS não quisera conceder a estes homens a graça de terem pisado o solo lunar, pelo menos lhes dê a graça de voltarem, com vida e saúde, à sua pátria e ao seio das suas famílias. (Irmã Lúcia - Apelos da Mensagem de Fátima)

Notemos o que diz a irmã Lúcia, que é próprio de quem não vive das mentiras do mundo e dos seus ídolos que nada podem , mas que sabe muito bem que sem DEUS nada podem e nada são, de modo que dizem frequentemente: «se DEUS quiser»:

Já que DEUS não quisera conceder a estes homens a graça de terem pisado o solo lunar, pelo menos lhes dê a graça de voltarem.

Até amanhã, se DEUS quiser!